O Hamas acusa Israel de “violar” o acordo ao bloquear o acesso ao norte de Gaza, depois de ontem Israel ter acusado o movimento islâmico de não cumprir o acordo ao libertar militares e não civis.

O Hamas diz que Israel viola o acordo de tréguas ao impedir o regresso dos residentes do norte da Faixa de Gaza, que foram obrigados a fugir dos bombardeamentos e dos combates em direção ao sul do território.

O movimento islamista palestiniano indicou que estava a “acompanhar o assunto com os mediadores” e a “responsabilizar Israel pelo atraso na implementação do acordo”.

“Dezenas de milhares” de palestinianos aglomeram-se perto do corredor Netzarim, que corta a Faixa de Gaza em dois, do Mar Mediterrâneo até à fronteira com Israel, disse à AFP um responsável humanitário.

Israel acusa Hamas de violar acordo ao libertar militares antes de civis

Ontem, Israel acusou o grupo islamita Hamas de violar o acordo de cessar-fogo em Gaza no dia em que foi feita a segunda troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, tendo sido libertadas quatro mulheres militares.

"O Hamas não cumpriu com as suas obrigações de primeiro libertar as mulheres civis israelitas", disse o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, numa breve declaração feita logo após a confirmação de que as reféns tinham entrado em território israelita.

Já na sexta-feira à noite, quando o Hamas anunciou que iria libertar quatro mulheres soldados, que foram raptadas da base militar de Nahal Oz, a 07 de outubro de 2023, Israel manifestou a sua discordância, alegando que uma das condições do acordo era que as mulheres civis teriam prioridade na libertação.

Segundo a agência francesa AFP, Israel condiciona o regresso dos palestinianos deslocados do sul para o norte de Gaza à libertação de uma refém, Arbel Yehud, a quem dois dirigentes do Hamas disseram à AFP pouco depois estar "de boa saúde".

Casa da refém Arbel Yehud
Casa da refém Arbel Yehud Ohad Zwigenberg / AP

Primeira fase de libertação de reféns

Das 33 pessoas que serão libertadas na primeira fase do cessar-fogo em Gaza, sete são mulheres, cinco das quais militares (uma não foi libertada sábado) e duas são civis - Arbel Yehud, de 29 anos e Shiri Silberman, de 33 anos.

Nos últimos dias, a imprensa israelita referiu que Israel tentou pressionar para que Arbel Yehud fosse uma das mulheres libertadas este sábado.

O gabinete do primeiro-ministro divulgou uma nota a afirmar que Telavive não permitirá que os palestinianos regressem ao norte de Gaza enquanto aquela refém não for libertada.

Em novembro de 2023, o grupo terrorista palestiniano Jihad Islâmica alegou que uma das civis, Shiri Silberman, que foi raptada juntamente com o seu marido, Yarden Bibas, e os seus filhos, Ariel e Kfir, de 5 e 2 anos, morreram num ataque israelita, mas o exército nunca confirmou a informação.

Karina, Naama, Liri e Daniella libertadas pelo Hamas

As quatro reféns libertadas no sábado foram Liri Albag, de 19 anos, e Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy, de 20 anos.

As quatro militares foi exibidas, a sorrir e a acenar, por militantes do Hamas num palco na Praça Palestina, na Cidade de Gaza, onde milhares de pessoas se juntaram, tendo sido depois entregues nos veículos da Cruz Vermelha.

Israel confirmou que as reféns estavam bem, pouco depois da entrega à Cruz Vermelha.