O antigo produtor norte-americano Harvey Weinstein foi indiciado por novas acusações de crimes sexuais, de acordo com o advogado Arthur Aidala. “O grande júri acusou o senhor Weinstein”, declarou a procuradora Nicole Blumberg durante uma audiência em tribunal nesta quinta-feira, sem fornecer mais detalhes, segundo a CNN. A indiciação permanecerá sob sigilo até à acusação de Weinstein, que está marcada para 18 de setembro, noticia a Associated Press.
Em causa estarão alegações de agressão sexual por parte de três mulheres, de acordo com a CNN. Weinstein, de 72 anos, não compareceu na audiência por indicação médica, uma vez que foi submetido a uma intervenção cardíaca no início da semana. Os procuradores de Manhattan anunciaram em julho que estavam a investigar, depois de mais mulheres terem concordado em testemunhar contra o cofundador do estúdio Miramax. Weinstein negou ter tido encontros sexuais não consensuais com qualquer pessoa.
Os procuradores começaram a apresentar o caso ao grande júri em meados de agosto. As três pessoas que acusam o antigo magnata não foram identificadas pelo nome, mas as alegações foram descritas numa audiência na semana passada. Uma das alegadas agressões ocorreu num edifício residencial na baixa de Manhattan, nos meses de inverno entre 2005 e 2006. Outra pessoa terá sido agredida sexualmente num hotel em Tribeca, em maio de 2016, enquanto uma terceira mulher relatou que Weinstein a agrediu sexualmente no Tribeca Grand Hotel. Uma fonte disse à CNN que esta agressão terá ocorrido em 2006.
Os procuradores indicaram que a nova acusação não está relacionada com Jessica Mann e Mimi Haley, cujas alegações estão ligadas às acusações contra Weinstein, que deverá ser novamente julgado em novembro. O juiz Curtis Farber terá de decidir se os processos devem ser reunidos num único julgamento. Os procuradores concordam com essa opção, mas a defesa de Weinstein opõe-se.
O antigo produtor de Hollywood foi condenado a 23 anos de prisão em 2020 por ato sexual criminoso de primeiro grau e violação de terceiro grau, mas a condenação foi anulada em recurso em abril. Permanece na prisão enquanto recorre de uma outra condenação em 2022 em Los Angeles, quando foi considerado culpado de três acusações de agressão sexual e condenado a 16 anos de prisão. A saúde de Weinstein deteriorou-se nos últimos anos, de acordo com os seus representantes, necessitando agora de uma cadeira de rodas devido a problemas nas costas.
A condenação inicial de Weinstein em Nova Iorque foi um marco para o movimento #MeToo, em que mulheres acusaram centenas de homens do mundo do entretenimento, dos meios de comunicação social, da política e de outras áreas de má conduta sexual, recorda a Reuters. O júri considerou que Weinstein agrediu sexualmente a antiga assistente de produção Miriam Haley em 2006 e violou a aspirante a atriz Jessica Mann em 2013. Estas são algumas das mais de 80 mulheres que o acusaram de má conduta sexual.
Entre os filmes de sucesso da Miramax estão “Shakespeare in Love” e “Pulp Fiction”. O estúdio cinematográfico declarou falência em março de 2018, depois de as acusações terem precipitado a situação. No julgamento de 2020, Weinstein foi retratado como um predador em série que manipulava as mulheres com promessas de progressão na carreira em Hollywood, levando-as para quartos de hotel ou apartamentos privados e depois dominando-as e atacando-as violentamente.