Num comunicado publicado na plataforma de mensagens Telegram, o Hezbollah alertou para "o difícil preço que o inimigo criminoso deve esperar pelo seu massacre de terça-feira".

Tanto o Hezbollah como o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões a um "ciberataque israelita, no qual foi detonado um grande número de 'pagers'", e revelou que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.

Além de oito vítimas mortais, o ataque deixou 2.800 outras feridas, 200 das quais com gravidade.

Um membro do Hezbollah, que falou sob anonimato, disse à agência de notícias Associated Press (AP) que novos modelos de 'pagers' portáteis recentemente comprados pelo grupo xiita primeiro aqueceram e depois explodiram.

"De acordo com as gravações de vídeo (...), um pequeno explosivo plástico estava certamente escondido junto à bateria para acionamento remoto através do envio de mensagem", estimou na rede social X (antigo Twitter) Charles Lister.

O especialista do Instituto para o Médio Oriente disse que isso significa que a Mossad, o serviço secreto de Israel, responsável pelas operações especiais no estrangeiro "se infiltrou na cadeia de abastecimento".

A empresa de Taiwan Gold Apollo disse hoje que autorizou a sua marca nos pagers que explodiram no Líbano e na Síria, mas que foram fabricados por uma outra empresa, com sede na Hungria.

Os pagers AR-924 utilizados pelos militantes foram fabricados pela BAC Consulting KFT, com sede na capital da Hungria, Budapeste, de acordo com um comunicado da Gold Apollo.

"De acordo com o acordo de cooperação, autorizamos a BAC a utilizar a nossa marca para vendas de produtos em regiões designadas, mas o design e fabrico dos produtos são da exclusiva responsabilidade da BAC", pode ler-se no comunicado.

O presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-kuang, disse aos jornalistas hoje que a empresa teve um acordo de licenciamento com a BAC nos últimos três anos, mas não forneceu provas do contrato.

Entretanto, a companhia aérea Air France suspendeu os voos de Paris para Beirute e Telavive, pelo menos hoje e quinta-feira, devido à insegurança.

Num comunicado, a companhia de bandeira francesa disse que irá "acompanhar em tempo real a evolução da situação no Médio Oriente".

Além disso, especificou ainda que o retomar das ligações com o Líbano e Israel dependerá de "uma avaliação diária da situação" naqueles locais.

Os clientes foram notificados da suspensão a título individual e foi-lhes oferecido o reembolso do bilhete ou o adiamento da viagem.

A Air France tem um voo diário de ida e volta entre o aeroporto parisiense Charles de Gaulle e Beirute e também um para Telavive.

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