Nasceu no Reino Unido a primeira vaca geneticamente modificada para produzir menos gases com efeito de estufa. Chama-se Hilda, integra o rebanho Langhill, situado em Dumfries, na Escócia, e foi concebida por fertilização in vitro. Este nascimento faz parte do projeto ecológico Cool Cows, que pretende criar gado que emita menos metano, um gás com efeito de estufa extremamente potente, que contribui significativamente para o aquecimento global. É libertado principalmente pelos bovinos durante a digestão dos alimentos.
Veterinários e cientistas celebraram a notícia, destacando o seu potencial para revolucionar a pecuária e ajudar no combate às alterações climáticas.
A fertilização in vitro permitiu que os óvulos da mãe de Hilda - escolhida com base em características genéticas que indicam que produz menos metano - fossem fertilizados em laboratório, resultando numa nova geração do rebanho Langhill com uma genética favorável e nascida oito meses mais cedo do que seria possível com métodos naturais.
O nascimento de Hilda deverá duplicar a taxa de ganho genético no rebanho, acelerando assim o processo de seleção e reprodução de animais mais eficientes na redução de emissões de metano.
Os responsáveis pelo projeto explicaram que, ao utilizar a técnica de fertilização laboratorial com os óvulos da mãe de Hilda, foi possível antecipar em oito meses o nascimento da 16.ª geração do rebanho Langhill. Repetindo este método, os cientistas estimam duplicar a taxa de "ganho genético" no rebanho, acelerando a criação de animais mais "eficientes em termos de emissão de metano".
Richard Dewhurst, professor do Scotland's Rural College, uma das entidades parceiras do projeto, afirmou, citado pelo "The Independent": "Com o aumento global do consumo de produtos lácteos, criar gado de forma sustentável é crucial. O nascimento de Hilda pode ser um marco importante para a indústria leiteira do Reino Unido."
O investigador acrescentou que será usada uma nova avaliação genómica em conjunto com os atuais índices de eficiência produtiva e ambiental para selecionar fêmeas jovens com baixo impacto de metano destinadas à reprodução. "O projeto Cool Cows permitirá gerar mais descendentes a partir destes doadores, formando rapidamente um núcleo de bezerros altamente eficientes na redução de metano."
O rebanho Langhill, criado nos anos 70, tem sido utilizado para estudar as emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com a produção de leite. Estes estudos incluem a análise de diferentes dietas e o impacto de fertilizantes nos pastos.
Rob Simmons, do Paragon Veterinary Group, outro parceiro do projeto, sublinhou a importância da melhoria genética na eficiência de emissão de metano das vacas leiteiras para a sustentabilidade do setor. "A Paragon está orgulhosa por colaborar neste projeto essencial para apoiar a sustentabilidade na produção leiteira", afirmou.
Stuart Martin, do Digital Dairy Chain, entidade financiadora do projeto, declarou: "Estamos muito satisfeitos por apoiar esta iniciativa inovadora. Com o impacto ambiental da agricultura a tornar-se uma questão crítica à escala global, projetos que procurem soluções criativas para reduzir este impacto são essenciais. O nascimento da primeira vitela Cool Cows representa um avanço significativo e traz promessas importantes para o futuro da agricultura sustentável".