O Hospital das Caldas da Rainha recusou-se esta segunda-feira atender uma grávida que sofreu um aborto espontâneo por ter a urgência de obstetrícia encerrada.
A mulher, de 31 anos, a sangrar e com o feto morto num saco, viu negada a assistência neste hospital e teve de ligar para o 112 no exterior da unidade de saúde. No entanto, o Hospital das Caldas da Rainha já negou, esta manhã.
Os Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha receberam o pedido de ajuda às 7:20, mas só cerca de uma hora depois da chamada é que o hospital aceitou atender a utente e após insistência do Centro de Orientação de Doentes Urgentes.
Para já, não há resposta oficial por parte do hospital. A SIC tentou entrar em contacto, mas até ao momento, sabe-se que existirá um comunicado público, que será lançado ainda hoje.
O comandante dos bombeiros das Caldas da Rainha, Nelson Cruz, explicou aos jornalistas que a "hemorragia era muito abundante" e que o tripulante insistiu para que a mulher não fosse atendida em Coimbra, a 130 quilómetros de distância.
"Quando chegámos ao hospital, já sabíamos que a senhora estava dentro do seu veículo, que estava à porta do hospital e que estava com hemorragia, porque tinha tido um aborto espontâneo", disse.
O comandante considera, no entanto, que "é inadmissível" um hospital dizer que não é possível abrir ficha.
"No mínimo, a pessoa tem de ser assistida, alguém tem de a receber, tem de ser rececionada e o hospital tem de abrir portas", acrescentou o comandante.
Nelson Cruz diz-se "indignado" não só como profissional, como cidadão, pela falta de organização prévia. Não sabe o que está a falhar, mas, neste caso específico, "independentemente de haver - ou não - a especialidade, há sempre alguém com conhecimento e formação dentro do hospital".
Uma versão diferente é apresentada pelo hospital que admite que a grávida ligou para o 112 no exterior do hospital, pressumindo a unidade hospitalar que o tenha feito por iniciativa própria “e que tenha aguardado na viatura respetiva pelas indicações telefónicas”.
“Posteriormente, foram acionados os Bombeiros para ir ao encontro da utente”, lê-se no comunicado enviado às redações.
“Temos registo que a utente apenas entrou no Hospital 8:04 de hoje [segunda-feira, 5 de agosto], tendo sido de imediato admitida. Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para admissão”, refere a administração no comunicado, acrescentando que “a utente foi prontamente admitida quando houve conhecimento de que estava a aguardar, a situação mereceu o atendimento necessário e ficou em vigilância”.
A administração do Hospital das Caldas da Rainha aproveita esta situação para salientar que este domingo, e “apesar de não estar a funcionar”, a maternidade da unidade hospitalar “atendeu quatro utentes e realizou dois partos”.
[Notícia atualizada às 19:44]