A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, adianta que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) passou a estar na sua dependência direta. E garante que o Governo tem como prioridades encontrar soluções para os problemas do instituto e devolver a confiança aos doentes.
"O INEM passou a estar debaixo da minha dependência direta desde há dois dias porque é uma matéria de uma prioridade enorme como se está a ver ", adianta Ana Paula Martins, depois de se ter reunido com os responsáveis do instituto, em Lisboa.
Para a ministra, é necessário devolver a confiança à população depois de todo o "alarme social" dos últimos dias ao qual o Governo "não é indiferente nem alheio".
Ana Paula Martins acrescenta que a resolução dos problemas no INEM é de "tal maneira importante, urgente e prioritária" que o tempo do seu "dia a dia" tem de ser "dedicado em mais de 70%" a esta matéria.
A responsável pela pasta da Saúde visitou esta terça-feira o instituto para "assumir olhos nos olhos um compromisso":
"A minha vinda aqui tem muito a ver com estar perto destas pessoas para assumir olhos nos olhos um compromisso por parte do Governo de criar condições para haver uma resposta adequada ", adianta.
E reitera que vai "levar até ao fim" o compromisso de encontrar soluções para os problemas do instituto.
"Queremos devolver a confiança que quando ligarem o 112 vão ter uma equipa especializada, empenhada e apostada em salvar vidas", acrescenta.
4 de novembro: um dos turnos não cumpriu serviços mínimos?
Em declarações aos jornalistas, a ministra diz que se reuniu com o sindicato dos técnicos assim que teve conhecimento de duas greves em simultâneo às horas extraordinárias -a dos técnicos de emergência pré-hospitalar e a da função pública.
"Duas greves juntas num dia gerou uma grande incapacidade de resposta, ansiedade. Assim que me apercebi dessa situação, tomei uma solução em mãos e resolvi o que havia para ser resolvido", refere.
Questionada sobre as declarações no Parlamento, em que terá dito que um dos turnos não cumpriu os serviços mínimos no dia 4 de novembro por falta de recursos humanos, Ana Paula Martins refere que pediu uma inspeção para que "não restem dúvidas" sobre o cumprimento dos serviços.
"Quando foram cumpridos, quando não foram e por que é que não foram".
A responsável garante que o INEM fez "o que conseguiu fazer".
No entanto, não esclarece se os trabalhadores foram notificados 24 horas antes como está previsto na lei.
Mortes alegadamente associadas a falhas no INEM
As mortes de 11 pessoas alegadamente associadas a falhas no atendimento do INEM motivaram a abertura de sete inquéritos pelo Ministério Público (MP), um dos quais já arquivado. Há ainda um inquérito em curso da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Ana Paula Martins "deseja profundamente" que os inquéritos tenham resultados "o mais rápido possível".
Esta terça-feira de manhã, na Assembleia da República, assumiu "total responsabilidade" pelo que correu menos bem.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, considera que estas dificuldades não se resolvem com a demissão da ministra.