"Os reunidos expressaram a sua preocupação com a penetração de Israel dentro da zona-tampão com a Síria e as posições adjacentes no monte Hermón, assim como na província de Quneitra", no sudoeste do país, afirmou o comunicado final da reunião, que decorreu hoje em Riade, capital da Arábia Saudita.

No encontro, participaram altos representantes da diplomacia dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, assim como enviados das Nações Unidas e da Liga Árabe.

Chefes da diplomacia de países vizinhos da Síria (Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia) e de países como o Egito, Qatar, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e a anfitriã Arábia Saudita também assistiram à reunião.

Após a queda de Bashar al-Assad, Israel aproveitou a fase de transição de lideranças em Damasco para avançar no sul do país para lá das posições que já mantinha nos Montes Golã e invadir espaço sírio do monte Hermón, para lá da linha desmilitarizada entre os dois países, criada em 1974.

Os participantes do encontro de hoje sublinharam a importância de se "respeitar a unidade da Síria, da sua soberania e da segurança do seu território", pode ler-se na nota divulgada e citada pela agência de notícias espanhola Efe.

Outro dos pontos principais abordados na reunião foi a necessidade de prevenir o possível ressurgimento do autoproclamado Estado Islâmico.

Israel alega que não tem intenções territoriais na Síria e que as suas ações se destinam a prevenir que as armas do anterior regime caiam nas mãos de indivíduos ou grupos que possam ameaçar a segurança israelita.

A agência de notícias Associated Press deu nota de que os residentes da província de Quneitra estão frustrados com a falta de ação que páre o avanço das tropas israelitas na região, acusando as forças de Telavive de destruir casas e de impedir agricultores de ir para os seus campos e propriedades.

Na quarta-feira, o Governo provisório sírio defendeu, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que a interferência estrangeira acabasse no país e que "os atores externos não procurassem benefícios contra os interesses do povo sírio".

Os países árabes, sobretudo os vizinhos da Síria, reiteraram hoje em Riade o seu apoio à transição no país, tendo concordado em fortalecer a coordenação de segurança para "lidar com qualquer ameaça terrorista que emane do território sírio".

O novo Governo sírio, de inspiração islamita, tem procurado mostrar ao país e ao mundo que não constitui uma ameaça à segurança e à estabilidade do Médio Oriente e que traz um ímpeto reformista que a população há muito reivindicava, num país com uma grande diversidade étnica e religiosa, onde vivem árabes sunitas e xiitas, curdos, cristãos e drusos.

A Síria é hoje governada por uma coligação de rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de Ahmad al-Charaa.

Al-Charaa tem insistido que o seu percurso radical pertence ao passado, mas muitas das bases da coligação de rebeldes que depôs Assad vieram de movimentos ligados à al-Qaida e ao Estado Islâmico.

JGA (HB) // MAG

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