A diplomacia iraniana assegurou este sábado que a determinação do seu país “não tem limites”, depois dos ataques israelitas noturnos contra instalações militares no Irão.

“Penso que provámos que não há limites para a nossa determinação em defendermo-nos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, durante uma entrevista.

“Defenderemos o nosso território e a nossa pátria. Acho que todo o mundo já viu isso”, acrescentou ainda Araghchi, citado pela France Presse.

Esta é a primeira reação de um alto responsável iraniano após os ataques aéreos israelitas realizados hoje contra instalações militares no Irão.

O ataque - que visou alvos militares nas províncias de Teerão, Khuzistão e Ilam - provocou “danos limitados”, indicou o Exército iraniano, acrescentando que dois soldados foram mortos.

Em Terrão, o movimento xiita libanês Hezbollah descreveu os ataques israelitas ao Irão como uma “escalada perigosa”, responsabilizando os Estados Unidos.

“O Hezbollah condena veementemente a traiçoeira agressão sionista contra a República Islâmica do Irão e considera-a uma escalada perigosa em toda a região”, afirmou o Hezbollah em comunicado.

O movimento xiita acrescentou que os Estados Unidos “têm total responsabilidade pelos massacres, tragédias e dor” causados por Israel.

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), diz-se “profundamente preocupado com a continuação da escalada (de violência) no Médio Oriente”. De Bruxelas, a Comissão Europeia, pede moderação para evitar uma "escalada incontrolável" entre Irão e Israel.

Situação no norte da Faixa de Gaza é "catastrófica"

Enquanto isso, na Faixa de Gaza, a situação é “catastrófica”, segundo o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS). “A situação no norte da Faixa de Gaza é catastrófica”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus na rede social X, sublinhando que “uma grave escassez de material médico, associada a um acesso extremamente restrito, está a privar as pessoas de cuidados vitais”.

O diretor-geral da OMS referiu-se em particular à situação em Kamal Adwan, o último hospital em funcionamento no norte de Gaza, que foi invadido pelas forças israelitas na sexta-feira, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Segundo o ministério, o ataque às instalações do campo de Jabalia, onde Israel lançou uma grande operação militar no início deste mês, causou a morte de duas crianças.

Aquele departamento acusou também as forças israelitas de terem detido centenas de membros do pessoal, doentes e pessoas deslocadas.

O exército israelita disse que as suas forças estavam a operar nas imediações de Kamal Adwan, mas afirmou “não ter sido informado de qualquer fogo real ou ataques na área do hospital”.

Segundo Tedros Ghebreyesus, depois de a OMS ter perdido temporariamente o contacto com o seu pessoal no hospital durante o caos, o Ministério da Saúde de Gaza informou que o cerco tinha terminado.

“Mas isto teve um preço elevado”, acrescentou o diretor-geral.

Na sexta-feira à noite, a OMS anunciou que três assistentes e um outro profissional ficaram feridos no assalto ao hospital e que dezenas de assistentes foram detidos no estabelecimento de saúde, que albergava cerca de 600 pessoas, entre doentes, assistentes e outros.

“Após a detenção de 44 funcionários do sexo masculino, apenas uma funcionária, o diretor do hospital e um médico do sexo masculino permanecem no hospital para cuidar de quase 200 pacientes que necessitam desesperadamente de cuidados médicos”, lamentou hoje Tedros Ghebreyesus.

“As informações sobre as instalações hospitalares e o material médico danificado ou destruído durante o cerco são deploráveis”, acrescentou.

Segundo o representante, “todo o sistema de saúde em Gaza está sob ataque há mais de um ano”, desde que o movimento islamita palestiniano Hamas atacou Israel, em 07 de outubro de 2023, desencadeando uma guerra.

Esse ataque fez 1.206 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da agência AFP baseada em números oficiais israelitas.

Dezenas de reféns raptados nesse dia continuam a ser mantidos em cativeiro em Gaza pelo Hamas.

A campanha militar de retaliação israelita custou a vida a 42.924 pessoas em Gaza, a maioria das quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera fiáveis.

“A OMS reitera - nunca é demais sublinhar - que os hospitais devem estar sempre protegidos dos conflitos”, salientou o diretor-geral da agência da ONU.

Qualquer ataque às instalações hospitalares "é uma violação do direito internacional humanitário", frisou, defendendo como única forma de salvar o que resta do sistema de saúde de Gaza, "que está em colapso, é um cessar-fogo imediato e incondicional”.