Isabel Lucas, é crítica literária, repórter e é conhecida por ser “uma máquina de trabalho” a escrever de forma veloz ziliões de caracteres madrugada fora e a abrir-nos a janela para as novas histórias e enredos imaginados pelos escritores mais relevantes do país e do mundo, e nesse caminho leva-nos pela mão, com sageza, até aos mistérios, escombros e glórias das mil e uma personagens da ficção e da vida real, que ela conta nas páginas dos jornais e dos seus próprios livros.
Começou a fazer jornalismo na televisão e passou pelas redações de alguns dos principais jornais e revistas portugueses. É freelancer desde 2012, o que quer dizer que é dona do seu tempo.
Mas como produz muito, o tempo é para si um cavalo indomável, entre deadlines apertados e stresses de fecho, montanhas de livros para percorrer, e há sempre um bocado de texto para acrescentar e mais uma viagem longa para fazer de mochila às costas, com caderno de notas na mão, e mais um programa para gravar, uma aula para dar, e uma conversa com a porteira do prédio para ouvir, e a noite a ligar-se ao dia, como um parágrafo se liga ao outro, para depois, ser aparado como se faz com a relva fresca, entre cortes e mais cortes, e depois de caçar algumas gralhas - e algumas dessas gralhas passarem “a estilo”, como já o disse o seu ex-editor Vasco Câmara - o texto toma a sua forma final.
Desde há muito que Isabel Lucas escreve regularmente para o jornal Público, colabora com a revista Ler, com a Quatro Cinco Um e com a Antena 3, na rubrica literária “Paraíso Perdido”.
Até ao momento tem quatro livros editados. Entre eles “Isabel Lucas — Conversas com Vicente Jorge Silva” (Temas e Debates, 2013) - que eternizou a cumplicidade e amizade que tinha com um dos grandes nomes do jornalismo português.
Assinou depois “Viagem ao sonho americano”, uma rota literária “on the road” que se iniciou em 2016 e que a levou a percorrer 27 estados americanos. Histórias que vão até à América profunda, aquela que votou de novo massivamente em Trump para líder de uma nação fraturada.
O que terá mudado na América desde essa altura? Como explica Isabel estes últimos resultados eleitorais face à América que conhece no terreno e na literatura? A resposta é dada na primeira parte deste podcast.
Em 2021 Isabel Lucas publicou “Viagem ao país do futuro”, sobre outra viagem-descoberta, desta vez pelo Brasil, um país tão próximo quanto distante.
E este ano acaba de lançar o novíssimo “Conversas com escritores”, onde reúne entrevistas memoráveis feitas a alguns dos escritores mais incontornáveis do mundo e revela os bastidores desses encontros.
Em 2022, foi curadora da programação do Pavilhão de Portugal na Bienal do Livro de São Paulo. É curadora do Prémio Oceanos de Literatura e professora-adjunta convidada da Escola Superior de Comunicação Social, do Instituto Politécnico de Lisboa. Em 2021 venceu a primeira edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva.
Esta conversa em podcast começa logo por andar entre a literatura e a vida real, entre o país e o mundo, e entre o real e a ficção. Será que Isabel há muito pensa o mundo a partir da literatura como uma lente ou lanterna importante para iluminar obscuridade no caminho? A resposta pode ser escutada neste episódio.
E para arranque deste encontro é citado o ensaísta e autor britânico Salman Rushdie, numa resposta dada a Isabel Lucas, no seu último livro de conversas:
“O mundo da imaginação e o mundo objetivo sempre se sobrepuseram. As coisas têm de ser imaginadas antes de se tornarem realidade. É preciso imaginar uma roda antes de se fazer uma roda. Sempre houve transições entre o mundo nas nossas cabeças e o mundo à nossa volta. Mas o que está a acontecer de forma mais perturbadora é a confusão acerca da verdade, em resultado da combinação de duas coisas: Novas tecnologias de informação e um grupo de políticos sem escrúpulos. Há um problema quando muita gente não é capaz de distinguir entre mentira e verdade. A ficção é diferente da mentira.”
Isabel começa por comentar estas palavras. Um assunto sobre o qual o mundo ainda anda às voltas.
No final desta primeira parte, Isabel é surpreendida por um áudio da sua editora Clara Capitão.
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de José Fernandes. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.
A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!