"Com a aprovação das autoridades políticas, todos os terroristas foram libertados das prisões de Ofer (na Cisjordânia ocupada) e Ktziot", no sul de Israel, escreve o serviço prisional num comunicado de imprensa.
Desta forma, a administração penitenciária israelita confirma o número, anunciado anteriormente por fontes palestinianas, de detidos libertados como parte da troca definida no acordo de cessar na trégua.
Cerca de 70 dos prisioneiros foram libertados no Egito, onde chegaram através da fronteira de Rafah com a Faixa de Gaza.
Em Ramallah, uma multidão de milhares aplaudiu e fez sinais de vitória quando chegaram os autocarros com a mais de uma centena de prisioneiros de aparência magra, trajando fatos de macaco cinzentos, que rapidamente foram levados em ombros.
A maioria dos palestinianos vê os detidos por Israel como prisioneiros políticos que se sacrificaram na luta pela soberania da Palestina.
A maioria dos prisioneiros libertados hoje cumpria penas de prisão perpétua após serem condenados por ataques que envolveram a morte de israelitas.
Quase todos os palestinianos têm amigos ou parentes que foram detidos pelas autoridades israelitas em algum momento, acusados de participar em ataques mortíferos, protestos violentos ou ativismo político.
Da lista de duas centenas de detidos, constam 121 que cumpriam penas perpétuas, segundo uma lista divulgada pelo Hamas. O grupo islamita indicava ainda que, destes, 70 seriam expulsos de Gaza e da Cisjordânia, pelo que são os que chegaram ao Egito.
Os militantes mais notórios que estão a ser libertados incluem Mohammad Odeh, de 52 anos, e Wael Qassim, de 54, ambos de Jerusalém Oriental, acusados de realizar uma série de ataques mortais do Hamas contra israelitas, incluindo um atentado bombista num café na Universidade Hebraica de Jerusalém, em 2002, que matou nove pessoas, incluindo cinco cidadãos norte-americanos.
Hoje de manhã, o Hamas entregou quatro soldados israelitas reféns à Cruz Vermelha, na cidade de Gaza, depois de as exibirem perante uma multidão.
As quatro sorriram e acenaram num palco na Praça Palestina, na Cidade de Gaza, com militantes de ambos os lados e uma multidão de milhares de pessoas a assistir, tendo depois sido levadas aos veículos da Cruz Vermelha, que as aguardavam.
A libertação das militares israelitas não agradou totalmente a Telavive, tendo o Governo de Benjamin Netanyahu acusado o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo ao libertar reféns militares antes de civis.
O cessar-fogo, que entrou em vigor no domingo passado após 15 meses de conflito, visa pôr fim à guerra mais mortífera e destrutiva alguma vez travada entre Israel e o Hamas.
O frágil acordo tem-se mantido até agora, silenciando os ataques aéreos e os 'rockets' e permitindo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Desde o início da trégua, foram libertados três reféns mantidos pelos Hamas em troca de 90 prisioneiros palestinianos, todos mulheres e crianças.
A guerra começou com um ataque transfronteiriço liderado pelo Hamas, a 07 de outubro de 2023, quando militantes palestinianos mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria das quais civis, e fizeram cerca de 250 reféns.
Mais de 100 reféns foram libertados numa trégua de uma semana feita no mês seguinte. Mas dezenas permaneceram em cativeiro durante mais de um ano, sem contacto com o exterior.
Israel acredita que pelo menos um terço dos mais de 90 prisioneiros que ainda estão em Gaza foram mortos no ataque inicial ou morreram no cativeiro.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
JSD (PMC) // VM
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