Israel e o movimento islamista palestiniano Hamas acusaram-se esta quarta-feira mutuamente de bloquearem as negociações sobre um acordo em Gaza, onde ambos estão envolvidos numa guerra há mais de um ano.

Em comunicado, o Hamas acusou Israel de estabelecer "novas condições" nas discussões em curso, em Doha.

"A ocupação (israelita) impôs novas condições, no que diz respeito à retirada [das suas tropas na Faixa de Gaza], ao cessar-fogo, aos prisioneiros [reféns detidos em Gaza e palestinianos detidos em Israel] e ao regresso de deslocados, o que adiou a conclusão de um acordo", afirma o movimento no documento.

Israel respondeu poucos minutos depois, acusando, por sua vez, o Hamas de "colocar novos obstáculos nas negociações".

"A organização terrorista Hamas está, mais uma vez, a mentir, a recuar nos pontos acordados e a continuar a colocar novos obstáculos nas negociações", reagiu o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas.

Nesse dia, 251 israelitas foram raptados, dos quais 96 continuam reféns em Gaza, incluindo 34 declarados mortos pelo exército.

Mais de 45 mil palestinianos, a maioria civis, foram mortos na campanha militar israelita realizada em Gaza, em retaliação ao ataque do Hamas, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados credíveis pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Mesmo que o Hamas tenha indicado que "as negociações para um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros" estejam "ainda em curso em Doha, com a mediação do Qatar e do Egito", estas declarações contrastam com o otimismo demonstrado nos últimos dias por ambos os lados.

Na terça-feira, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avançou progressos, após o regresso a Israel dos negociadores enviados a Doha.


Com LUSA