"Eles sabem exatamente quem está vivo e quem está morto. Sabem exatamente onde estão os reféns. Gaza não é muito grande", disse o porta-voz do governo israelita, David Mencer.

Um responsável do movimento de resistência islâmico disse domingo à agência noticiosa France-Presse (AFP) que o Hamas precisa de "cerca de uma semana de calma" para comunicar com os vários raptores dos reféns e "identificar quem está vivo ou morto".

As negociações indiretas que recomeçaram no passado fim de semana no Qatar entre Israel e o Hamas parecem, de momento, centrar-se na libertação dos reféns, uma das condições para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Israel diz não ter sido informado sobre o estado de saúde dos 34 reféns mencionados pelo Hamas - "todos mulheres, doentes, crianças e idosos".

Apesar dos intensos esforços diplomáticos sob a égide do Qatar, Egito e Estados Unidos, não foram concluídas quaisquer tréguas em Gaza desde o cessar-fogo de uma semana no final de novembro de 2023, que levou à libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Num outro território palestiniano, a Cisjordânia ocupada, Israel anunciou que três israelitas foram mortos hoje de manhã num ataque perto da aldeia de al-Funduq.

O exército declarou que os homens armados "abriram fogo contra um autocarro e veículos civis" e que estava ainda em curso uma "caça ao homem" para os deter.

"Vamos encontrar os assassinos desprezíveis e acertar contas com eles e com quem os ajudou. Ninguém ficará impune", reagiu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A violência ligada ao conflito israelo-palestiniano explodiu na Cisjordânia desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023.

Na faixa costeira sitiada, devastada por 15 meses de guerra, a Defesa Civil de Gaza informou hoje que pelo menos 16 pessoas, incluindo várias crianças, tinham morrido em diferentes ataques israelitas.

O exército israelita anunciou que três "projéteis" tinham sido disparados contra Israel a partir do norte de Gaza, sem causar feridos.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas acusou Israel de ter disparado domingo contra um dos seus comboios humanitários em Gaza, que foi "claramente identificado", denunciando um "acontecimento inaceitável".

A nova ronda de negociações em Doha ocorre duas semanas antes da tomada de posse, a 20 de janeiro, do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que já pressionou o Hamas.

O atual chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse hoje que estava "confiante" de que se poderá chegar a um acordo, mesmo que "a linha de chegada" não fosse cruzada "nas próximas duas semanas".

Até agora, os principais pontos de discórdia têm sido a questão de saber se o cessar-fogo deve ou não ser permanente e a governação de Gaza após a guerra, com Israel a opor-se categoricamente a que o Hamas possa voltar a chefiar o território.

"Se o Hamas exige o fim da guerra, como tem feito desde o início e continua a fazer, então a guerra deve terminar para que os reféns regressem", exigiu Yotam Cohen, irmão de um dos reféns, Nimrod Cohen.

O ataque sem precedentes de outubro de 2023 do Hamas em Israel causou a morte de 1.208 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.

Nesse dia, 251 pessoas foram raptadas. Destas, 96 continuam reféns em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército.

Pelo menos 45.854 pessoas, principalmente civis, foram mortas na campanha militar de retaliação de Israel em Gaza, incluindo 49 nas últimas de 24 horas, de acordo com um relatório publicado hoje pelo Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

 

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