O Ministério da Justiça de Israel anunciou que vai libertar 737 prisioneiros palestinianos em troca dos primeiros reféns, na primeira fase da trégua aprovada pelo Governo israelita.

No âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, "o Governo aprova a libertação de 737 prisioneiros e detidos", declarou o ministério em comunicado. Entre os prisioneiros a libertar encontra-se Zakaria Zubeidi, responsável por vários ataques contra civis israelitas e antigo líder das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, braço armado do movimento Fatah.

O Governo israelita aprovou na madrugada de sábado (hora local) o acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e para a libertação de reféns mantidos no enclave após 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas.

"O Governo aprovou o plano de libertação dos reféns", pode ler-se, no texto publicado pelo gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, confirmando que “o plano para a libertação dos reféns entrará em vigor no domingo, 19 de janeiro de 2025”.

Do outro lado, segundo duas fontes próximas do Hamas citadas pela agência France-Presse (AFP), o primeiro grupo deverá incluir três mulheres israelitas. E em troca, Israel concordou “libertar vários prisioneiros importantes”.

O acordo, resultado de negociações prolongadas e intensas, foi divulgado antes do regresso do republicano Donald Trump à Casa Branca, previsto para segunda-feira.Além das libertações iniciais de reféns, a primeira fase inclui, de acordo com o Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, "um cessar-fogo total" e uma retirada israelita de áreas densamente povoadas, bem como o aumento da ajuda humanitária ao enclave destruído.

A segunda fase deverá permitir a libertação dos últimos reféns, antes da terceira e última etapa dedicada à reconstrução da Faixa de Gaza e à restituição dos corpos dos reféns que morreram no cativeiro do Hamas.

Os avanços e recuos

Os mediadores Qatar e EUA tinham anunciado o cessar-fogo na quarta-feira, mas o acordo ficou pendente durante mais de um dia, uma vez que Benjamin Netanyahu insistiu que houve complicações de última hora que atribuiu ao movimento islamita palestiniano Hamas.

O Conselho de Ministros de Israel tinha iniciado na sexta-feira à noite a reunião para votar o acordo de cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza, já aprovado pelo Gabinete de Segurança.

O Gabinete de Segurança do Governo de Israel tinha dado na sexta-feira luz verde ao compromisso com o Hamas, recomendando às autoridades a aprovação do cessar-fogo após examinados "todos os aspetos políticos, de segurança e humanitários do acordo proposto, e considerando que este apoia a realização dos objetivos de guerra".

O fim definitivo das hostilidades será negociado durante a primeira fase do entendimento, que se prevê ter início no domingo, com a suspensão dos combates e libertação dos primeiros prisioneiros, e que se prolonga por 42 dias.

O conflito em curso foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.