Dirigindo-se aos cidadãos norte-americanos, Joe Biden justifica que decide desistir “pelo melhor interesse do meu partido", o partido Democrata, e “do país”, e focar-se nos seus deveres e funções presidenciais.
“Foi a maior honra da minha vida ser o vosso Presidente. E embora tenha sido minha intenção tentar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me demita e me concentre apenas no cumprimento dos meus deveres e funções de Presidente durante o resto do meu mandato”, escreve Biden.
Ainda a recuperar de covid-19, na sua casa em Delaware, Biden deixa ainda uma palavra de “profunda gratidão a todos aqueles que tanto trabalharam tanto para que fosse reeleito, (…) ao povo americano pela fé e confiança” que nele depositaram.
"Sei que nada disto poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superámos uma pandemia que ocorre uma vez num século e a pior crise económica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservámos a nossa democracia. E revitalizámos e fortalecemos as nossas alianças em todo o mundo", recorda.
Joe Biden promete falar à Nação na próxima semana para explicar a decisão tomada este domingo e depois de, várias semanas, sob forte pressão para que repensasse a recandidatura.
Entretanto da Casa Branca chega a garantia, apesar dos apelos de alguns republicanos, que Joe Biden vai terminar o mandato.
Os elogios de Democratas de peso
Depois da decisão anunciada por Joe Biden, quer Nancy Pelosi, quer Barack Obama, nomes de peso no seio do partido Democrata e que, recorde-se, apelaram a que Biden repensasse a candidatura, manifestaram na respetivas contas na rede social X palavras de gratidão.
“Joe Biden tem sido um dos presidentes mais importantes dos EUA, bem como um querido amigo e parceiro”, escreve Obama, destacando que com a decisão deste domingo prova ser “um patriota do mais alto nível”.
Referindo-se, também, ao Presidente Joe Biden como um “americano patriota, que sempre colocou o nosso país em primeiro lugar", Pelosi destaca o “legado” que faz de Biden “um dos presidentes mais importantes da história americana”.
Recorde-se que Joe Biden tem 81 anos e desde a prestação no debate com Donald Trump que a condição de saúde do democrata estava a ser questionada.
Se no comunicado, Biden não refere quem apoia, acabou por fazê-lo depois numa outra publicação (minutos depois) em que diz: “(…) a minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio para que Kamala seja a escolhida pelo nosso partido. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump".
Apesar deste apoio público, é sabido que no seio do partido Democrata o nome de Kamala Harris não é consensual. O comentador da SIC, Germano Almeida, salienta porém que fase á desistência de Biden, Kamala até pode vir a unir o partido, diferente é porém a capacidade que tem e terá para vencer Trump.
“[Kamala Harris] é um alvo fácil para Donald Trump”, diz o comentador SIC.
Quem já veio a público manifestar o apoio a Kamala foi o casal Clinton. Num comunicado conjunto, partilhado na conta na rede social X de Bill Clinton, lê-se que “têm a honra de se juntar ao apelo do Presidente" e que "farão tudo o que estiver ao seu alcance para apoiar a vice-Presidente [Kamala Harris]”.
Uma sondagem recente do Centro AP-NORC de Investigação de Assuntos Públicos, divulgada esta semana, indicava que cerca de seis em cada dez democratas acreditam que Kamala Harris faria um bom trabalho como Presidente dos Estados Unidos.
Os adultos negros -- um contingente chave da coligação democrata e um grupo mais favorável a Biden do que a outros candidatos -- são mais propensos do que os norte-americanos em geral a dizer que Harris se sairia bem como Presidente.
Quanto aos norte-americanos em geral, esses são mais céticos em relação à prestação de Harris. Apenas cerca de três em cada 10 adultos norte-americanos dizem que Harris se sairia bem como chefe de Estado, contra cerca de metade que diz que não faria um bom trabalho.
A sondagem também demonstrou que cerca de quatro em cada 10 cidadãos adultos têm uma opinião favorável sobre Harris, enquanto cerca de metade tem uma opinião desfavorável.
Harris é mais popular entre os negros norte-americanos do que entre os adultos brancos ou hispânicos. É mais rejeitada pelos homens do que pelas mulheres.