José Luís Carneiro, antigo ministro da Administração Interna, disse que as declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, em entrevista ao Expresso, "assentam em pressupostos errados" e resultam de informação que leva a conclusões imprecisas.
À Renascença, o dirigente socialista garantiu que o efeito de chamada de imigrantes partiu do crescimento da economia e não da manifestação de interesse do Governo de António Costa, que Pedro Nuno Santo criticou na sua mais recente entrevista.
O ex-candidato à liderança do Partido Socialista disse que as declarações do secretário-geral do PS "assentam em fundamentos e pressupostos que conduzem a ilações erradas".
José Luís Carneiro deixou ainda o alerta: as medidas de repressão da imigração vão resultar apenas no aumento das redes criminosas.
"A prova está nos argumentos que foram consecutivamente apresentados no grupo parlamentar e pelo próprio secretário-geral", atirou.
"Não fizemos tudo bem nos últimos anos"
Esta sexta-feira foi publicada pelo Expresso uma entrevista a Pedro Nuno Santos onde a imigração foi um dos temas centrais.
Sobre o tema o líder do PS prometeu para o final do mês uma proposta para acabar com uma "situação de terra de ninguém ou um vazio na lei" porque foi eliminada a manifestação de interesse, mas recusou recuperar esse instrumento tal como existia porque aquilo que é preciso é "encontrar válvulas de escape que permitam a regularização de imigrantes que estão a trabalhar".
Apontando efeitos negativos da manifestação de interesse, Pedro Nuno Santos defendeu "a regulação da imigração de forma eficaz e humanista, com o outro lado, da integração".
"Não fizemos tudo bem nos últimos anos no que diz respeito à imigração", assumiu.
Na opinião do líder do PS, o "Estado e o país não se prepararam para a entrada intensa de trabalhadores estrangeiros", dando como exemplos o SNS, a educação ou a habitação.
"Quando há uma procura intensa que coloca pressão sobre os serviços públicos, isso vai facilitar o discurso divisionista, muitas vezes de ódio, que a extrema-direita usa contra os trabalhadores estrangeiros. Precisamos, de uma vez por todas, de falar sobre a imigração de forma descomplexada, exigente, rigorosa, como infelizmente não se tem feito", defendeu.
Para Pedro Nuno Santos, quem procura Portugal para viver "tem de perceber que há uma partilha de um modo de vida, uma cultura que deve ser respeitada".
Com Lusa