No âmbito da operação “Neural Kill Switch” (interruptor neural para matar, em tradução livre), a Polícia Judiciária (PJ) dá conta, esta quarta-feira, da detenção, “na zona Norte do país” de um jovem por crimes ligados ao uso de IA maliciosa.

O jovem, revela a PJ, era “responsável pelo desenvolvimento de um modelo de Inteligência Artificial (IA), denominado “WormGPT”, e que estaria a ser comercializado em fóruns de hacking para atividades ilícitas”.

“O “WormGPT” é um modelo de linguagem análogo ao do “ChatGPT”, mas sem as limitações do original e com funcionalidades adicionais. O modelo foi lançado no início de 2023, cedendo aos seus utilizadores formas de automatizar atividades maliciosas e facilitando o acesso a essas soluções como forma de diminuir a barreira de entrada no mundo do cibercrime", lê-se no comunicado da PJ.

Segundo a Jucidiária, como o modelo “Dark LLM”, o “WormGPT” podia ser adquirido "em fóruns de cibercriminosos (hacking) e permitia aos criminosos, mesmo com pouco conhecimento técnico, criar guiões para enganar pessoas, desenvolver vírus e outro tipo de software malicioso (malware) de forma quase instantânea e, assim, desenvolver elaboradas fraudes financeiras, ciberataques, espionagem corporativa e até campanhas de desinformação direcionadas.

No decurso da operação "Neural Kill Switch", a Unidade Nacional de Cibercrime e Criminalidade Tecnológica, unidade da PJ responsável pela investigação, apreendeu toda a estrutura informática base do sistema, bem como documentos e outras informações pertinentes para a investigação.

O detido, de 22 anos, será agora presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.

Suspeito terá produzido três programas informáticos

O Ministério Público (MP) adiantou entretanto, numa nota na sua página oficial, que o inquérito se encontra em segredo de justiça e é tutelado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estando em investigação "factos suscetíveis de integrar a prática de crimes de sabotagem informática".

Segundo o MP realizaram-se esta quarta-feira buscas domiciliárias e não domiciliárias.

O detido é suspeito de ter produzido "três programas informáticos destinados a perturbar o funcionamento de um sistema informático e passíveis de utilização para a prática de ataques e delitos cibernáuticos. Mais se indicia que o arguido publicitou os referidos programas, dando a conhecer as suas características e aptidões, e disponibilizou-os para utilização por terceiros, mediante pagamento ou de forma gratuita", refere a nota do MP.

Com LUSA