![Jovens celebram os 50 Anos do 25 de Abril com música e mensagem de liberdade](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Zion Costa canta rap, escreve as suas próprias letras e às vezes toca piano e até ter entrado para a Skola, uma academia em Lisboa, nunca tinha estudado música.
Em dezembro do ano passado, chegou aos estúdios louva-a-deus, em Lisboa, trazendo na bagagem tudo o que já tinha aprendido como cantor e rapper para ajudar a criar a música da campanha #TensPoder, dirigida aos jovens, no âmbito do programa para 2025 das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
"Andei a escrever durante três dias, tenho muita letra e algumas quadras e vou usá-las como plano inicial e estou a pensar como posso melhorar as minhas letras e usar esta experiência como uma maneira de eu aprender", conta.
Tem em relação à data o distanciamento dado por ter nascido em pleno século XXI, sendo filho de pai moçambicano e mãe húngara que poucas referências lhe passaram a não ser que se tratou de "um dia importante, um dia de liberdade".
Não quis deixar passar a oportunidade de "ganhar o máximo de experiência possível" e contribuir na construção de uma canção que fala sobre os valores de Abril, lembrando que "as coisas não estão garantidas" e que "há coisas más que podem acontecer".
"O 25 de Abril foi uma luta pela liberdade e é isso que nós temos de saber", sublinha.
Sangle Barbosa, 18 anos, salienta que os 50 anos da data não lhe retiram importância e defende a urgência de fazer passar a mensagem entre os mais jovens, que, diz, "estão a tornar-se cada vez mais ignorantes".
É uma das cantoras do grupo e do processo criativo tem a dizer que lhe traz "algum nervosismo", pelo facto de só terem tido três dias para concordarem na letra e música que vão gravar e admite que a pressão para concluírem tudo nesse prazo traz "um pequeno medinho".
"Eu tenho fé e acho que o mais importante é não só o prazer desta oportunidade, mas estarmos focados e confortáveis com as pessoas à nossa volta e acho que estamos no bom caminho", apontou.
Já Breiner Lopes, 19 anos, espera contribuir para este projeto com as suas raízes angolanas, trazendo multiculturalidade e diversidade, além do talento no piano.
"Acho que é o espírito da diferença, em que cada um de nós é diferente, mas temos algo que nos une sempre, que são os 50 anos do 25 de Abril", sublinhou.
A comissária executiva das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril explicou que a gravação da música e a campanha na qual ela se insere remetem para o direito à expressão e o direito ao voto e lembrou que este ano se completam 50 anos das primeiras eleições livres.
"Esse será um dos motes da campanha que vamos desenvolver. Um dos poderes que os portugueses adquiriram, como desde essas eleições fundadoras se conquistou o direito ao voto livre", apontou Maria Inácia Rezola.
Acrescentou que a campanha servirá não só para recordar as conquistas de Abril, como o fim da ditadura ou a conquista da liberdade de expressão, mas também para sensibilizar os jovens para a importância de conhecerem a sua história.
Para a comissária, apesar destes jovens terem nascido muitos anos depois de 1974, "e contrariamente ao que o senso comum dita", têm sensibilidade, consciência e entusiasmam-se com a Revolução dos Cravos.
"Têm uma clara consciência de que o 25 de Abril representou o fim de meio século de ditadura e representou mudanças fundamentais na vida de todos os portugueses, de que eles são beneficiários", salientou.
Para Maria Inácia Rezola, o processo para a criação e gravação da música para a campanha revelou-se "uma das melhores experiências", pela partilha com um grupo de jovens que se mostraram "preocupados com aquilo que podiam perder" e conscientes de que "o 25 de Abril abriu muitas portas, mas que essas portas se podem fechar".
Na prática, explicou a diretora da Skola, Mariana Duarte Silva, o processo criativo do grupo de nove jovens incluiu uma conversa com um professor de história, para contextualizar a Revolução, um momento em que cada um dos jovens partilhou o que absorveu dessa explicação, até que se sentaram à volta de uma mesa a escrever rimas e acabaram a gravar num estúdio, com a ajuda de uma "convidada especial".
Segundo Carolina Deslandes, a música vai ter um bocadinho de cada um, porque todos contribuíram para a letra e para a estrutura da canção, num grupo que tem rappers, cantores, escritores, "uma mistura que também é aquilo que o país é".
"Uma mistura de vivências, de culturas diferentes. Acima de tudo, a celebração da diversidade e ao mesmo tempo a constatação que mesmo sendo tão diferentes e fazendo coisas tão diferentes, queremos todos lutar pelas mesmas coisas", definiu a cantora e compositora.
A comissária disse que a campanha #TensPoder será lançada no momento da apresentação das comemorações para 2025, o que acontece hoje, dia 13 de fevereiro, e estará disponível nas redes sociais, além de no site das comemorações, onde todos os recursos estarão disponíveis.
Está também prevista uma ação de divulgação da campanha, nomeadamente através da rede de estabelecimentos escolares e de associações de professores de história.
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