O Kremlin reagiu com cautela às declarações do Presidente ucraniano, que na segunda-feira abriu as portas a conversações e disse ser favorável à presença da Rússia numa futura cimeira de paz. A Ucrânia organizou uma cimeira em junho na Suíça, mas a Rússia não foi convidada.

“A primeira cimeira de paz não foi de todo uma cimeira de paz, portanto, obviamente temos primeiro de compreender o que [Volodymyr Zelensky] quer dizer com tudo isso”, declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, numa entrevista à televisão estatal russa Zvezda.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, transmitiu aos líderes europeus que Donald Trump, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, vai exigir conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia caso venha a ser eleito em novembro. Trump já tem “planos bem fundamentados” com vista às conversações, disse Orbán, numa mensagem enviada aos líderes europeus citada pelo “Financial Times”.

Outras notícias do dia:

⇒ Portugal e cerca de 50 outros países apelaram aos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) que fornecem apoio material e político ao esforço de guerra russo na Ucrânia para pararem esse auxílio. O apelo foi feito antes de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo presidir a um debate do Conselho de Segurança sobre “cooperação multilateral no interesse de uma ordem mundial mais justa, democrática e sustentável”. Os signatários consideraram o tema como mais uma “demonstração clara da hipocrisia da Rússia”.

⇒ O Presidente da República disse que a Europa não conseguiu explicar aos “países amigos africanos” que a invasão da Ucrânia não é um problema europeu, mas global. Intervindo no encerramento do Eurafrican Forum, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “durante demasiado tempo a Europa não conseguiu explicar aos amigos africanos que a guerra na Ucrânia não era uma guerra europeia, mas sim uma guerra global envolvendo poderes globais, e poderes regionais fortes”.

⇒ O Parlamento ucraniano votou nesta terça-feira a eliminação de impostos e taxas sobre as importações de equipamento energético, numa altura em que o país enfrenta uma grave crise energética devido aos bombardeamentos russos. Nos últimos três meses, os ataques russos com mísseis e drones às instalações de energia ucranianas levaram milhões de pessoas a enfrentar apagões prolongados e falta de água e de ar condicionado.

Os primeiros-ministros ucraniano e checo após a assinatura do memorando de cooperação
Os primeiros-ministros ucraniano e checo após a assinatura do memorando de cooperação MILAN KAMMERMAYER

⇒ Empresas de armamento checas vão produzir espingardas de assalto e munições na Ucrânia, anunciou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, durante uma visita a Praga. A produção resulta de acordos assinados pela Ucrânia com os grupos checos Sellier & Bellot e Colt CZ, que preveem a construção de uma fábrica de munições na Ucrânia.

⇒ Uma empresa russa vai pagar 15 milhões de rublos (cerca de 155 mil euros) aos militares que abaterem o primeiro caça F-16 norte-americano na Ucrânia, anunciou o Ministério da Defesa russo. O prémio será pago pela empresa de energia Fores, que já tinha tido uma iniciativa idêntica no caso dos tanques norte-americanos Abrams e alemães Leopard entregues à Ucrânia.

⇒ Mais de 200 civis foram mortos e pelo menos 1100 ficaram feridos em ataques ucranianos na região russa de Belgorod desde o início da invasão russa da Ucrânia, no dia 24 de fevereiro de 2022, indicou o governador da região. O acesso a 14 aldeias na região, que faz fronteira com a Ucrânia, será vedado à maioria dos civis, anunciou Vyacheslav Gladkov, justificando com a situação “extremamente difícil” devido aos bombardeamentos ucranianos.

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