"Temos a difícil missão de ensinar aos membros do partido no poder que não somos como eles. Somos cidadãos de bem, com direitos, deveres e responsabilidades para com este país", afirmou Ossufo Momade, numa comunicação sobre o dia da Paz e Reconciliação Nacional, que assinala hoje o 32.º aniversário do acordo de paz que pôs fim à guerra dos 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Renamo.

"Estamos já no terceiro acordo, a resistência dos comunistas em recusar a democracia mantém-se. Ainda temos muita luta pela frente, as fraudes eleitoras, a resistência à descentralização e a intolerância política são cumes de uma montanha de manobras para inventar uma falsa paz feita de injustiça, opressão e exclusão", acusou.

Ossufo Momade encontra-se em Vilanculos, província de Inhambane, em campanha para as eleições gerais de quarta-feira, 09 de outubro, em que volta a concorrer a Presidente da República.

"As violações dos acordos e a tentativa de matar a nossa jovem democracia prevalece. Estes são sinais de que o regime continua negando a democracia pela qual lutamos e oprime o povo, o que não iremos permitir", disse ainda o líder do maior partido da oposição.

Com o país em campanha eleitoral, que termina no domingo, o candidato presidencial apoiado pela Renamo mostrou preocupação com eventuais ilícitos eleitorais: "Moçambique não pode voltar a ser palco de conflitos pós-eleitorais por conta de ação de um grupo de pessoas que agem contra a vontade popular e ao arrepio da lei".

A primeira fase do conflito, que deixou milhares de mortos, viria a terminar em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, durante 17 meses, e que só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Alguns anos depois, em 06 de agosto de 2019, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro e que está a ser materializado, entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, a Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido da oposição.

As eleições gerais de 09 de outubro serão as primeiras em Moçambique sem um braço armado no maior partido da oposição.

Moçambique realiza na próxima quarta-feira as sétimas eleições presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar na quarta-feira, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.

Concorrem à Presidência Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).

 

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