No bairro onde esteve o Papa Francisco em 2023, a propósito da Jornada Mundial da Juventude, e onde há pessoas que vivem sem água canalizada, os moradores esperavam ainda que a luz chegasse.

"Somos sempre os últimos", disse um dos cerca de 10 moradores que estavam na rua, junto a uma fogueira - o único ponto de luz neste bairro.

Parte do antigo Casal Ventoso, em Campo de Ourique, estava também a esta hora sem luz e, com pouca gente na rua, o 'Café Mãe e Filha' era o único de portas abertas naquela zona e os cinco clientes - três crianças e os pais - à porta eram também das poucas pessoas que estavam por aquelas ruas.

"Ainda não temos luz, então viemos aqui dar uma volta", disse Bruno Correia, morador da Rua Maria Pia, ao mesmo tempo que avisava um dos três filhos para ter "cuidado com o telemóvel".

Até às 22:30, segundo informou a REN em comunicado, estavam ligadas parcialmente 276 subestações, alimentando cerca de quatro milhões de clientes.

Sem indicar ainda uma previsão para uma reposição integral, o operador de rede de eletricidade adiantou que existem cerca de 6,5 milhões de consumidores de eletricidade.

Apesar da reposição gradual, em Lisboa, as estações do Metropolitano permaneciam encerradas, mas os semáforos, que estiveram desligados desde as 11:30, começaram também a funcionar de forma gradual.

Pelas 22:00 permanecia apenas um agente da PSP a orientar o trânsito no cruzamento entre a Avenida da República e o Campo Pequeno. Aliás, a Avenida da República tinha ainda algumas zonas sem luz.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou hoje, desde as 11:30, Portugal e Espanha, que continua sem ter explicação por parte das autoridades.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades foram algumas das consequências do "apagão", sendo que ao início da noite os constrangimentos foram diminuindo, pelo menos, na capital.

O restabelecimento de energia aconteceu de forma gradual ao longo do dia, começando pela zona centro do país.

*** Rita Pereira Carvalho (texto) e António Pedro Santos (fotos) ***

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