Milhares de apoiantes de Donald Trump receberam este domingo com surpresa e desilusão o anúncio policial de que Madison Square Garden tinha atingido a capacidade total e que já não conseguiriam assistir ao comício do candidato republicano em Nova Iorque.

“Não acredito! Que porcaria”, gritou uma mulher assim que ouviu um agente da polícia de Nova Iorque apelar à desmobilização da multidão após o limite de público da icónica arena nova-iorquina ter sido atingido.

“Chegámos tão perto! Mas, realmente somos muitos. Nunca seria possível entrarmos todos. Vamos fazer a festa aqui fora”, disse à Lusa um outro apoiante de Trump, que se apressou a telefonar à mulher a avisar que chegaria mais cedo a casa.

Por volta das 15:30 locais (19:30 em Lisboa), cerca de três horas e meia após a abertura das portas, a polícia anunciou que o acesso ao Madison Square Garden, no centro de Manhattan, passaria a estar interdito, num momento em que milhares de pessoas ainda aguardavam em filas.

Entre a multidão que não conseguiu entrar estavam pessoas que viajaram de estados como Connecticut, Rhode Island, Nova Jérsia ou Massachusetts.

“Vim aqui hoje para ouvir Donald Trump reforçar a mensagem que vem transmitindo nos últimos meses: que colocará este país nos eixos, que reduzirá a inflação, que baixará o preço do combustível, que tornará o país e o mundo num lugar mais seguro e que fará este país avançar”, explicou à Lusa Roy, um eleitor de 58 anos.

Cerca de oito horas antes do início do comício, já uma multidão se reunia do lado de fora do Madison Square Garden, não se deixando abalar pelas baixas temperaturas da manhã de hoje em Nova Iorque.

Além de Trump, outros convidados atraíram a atenção do público, como o candidato a vice-presidente, JD Vance, o antigo autarca de Nova Iorque Rudy Giuliani, o bilionário Elon Musk ou o ex-candidato presidencial Robert Kennedy Jr.


No exterior da histórica arena nova-iorquina, apoiantes de Trump e da candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris, trocavam acusações.

A Lusa assistiu a uma dessas discussões, em que dois eleitores debatiam a questão do aborto.

“Trump e os juízes republicanos do Supremo reverteram o direito constitucional ao aborto. Vocês estão a tirar direitos às mulheres”, dizia um apoiante de Kamala Harris, enquanto segurava um cartaz com a frase “Trump fascista”.

Em resposta, o apoiante de Trump disse: “Que direitos é que nós estamos a tirar às mulheres? Se elas mantivessem as calças vestidas não precisariam sequer de tentar abortar”.

O comício de hoje representa um desvio na campanha presidencial de Trump, que tem optado por marcar presença nos sete 'swing states' ou 'Estados pendulares' - que oscilam entre Democratas e Republicanos.

Nas ruas de Nova Iorque, várias vendedores ambulantes tentaram rentabilizar a forte presença de republicanos numa cidade tradicionalmente democrata para vender vários produtos com o nome de Trump, desde chapéus a bandeiras, passando por toalhas e t-shirts.

Várias ruas foram fechadas ao redor do Madison Square Garden, o trânsito está condicionado e uma grande operação de segurança foi montada na cidade para receber Donald Trump e os seus apoiantes.

Trump escolheu Nova Iorque - a sua cidade natal - para fazer um dos grandes comícios antes da eleição, apesar de ser uma cidade de maioria democrata.

A nível estadual, todas as sondagens dão a Kamala Harris a vitória na cidade.

O último candidato presidencial republicano que conseguiu vencer em Nova Iorque foi Ronald Reagan, em 1984.