Mais de 1300 contas falsas na rede social X (antigo Twitter) a favor da Rússia desacreditaram o apoio à Ucrânia, entre 4 e 28 de junho deste ano. Mais de 660 destas contas continuam ainda ativas, segundo um relatório da Counter Disinformation Network (CDN), uma plataforma colaborativa entre mais de 130 universidades, agências noticiosas, associações e organizações de fact-checking.
O relatório indica que a campanha de desinformação russa destinava-se aos Estado-membros da União Europeia. As publicações no X, escritas em alemão, francês, inglês, italiano, polaco e ucraniano, criticavam a Ucrânia, desacreditavam os governos ocidentais e o seu apoio a Kiev. Havia também a exploração de temas polarizadores, como a inflação que depois era relacionada com o apoio do país ao esforço de guerra ucraniano.
Além disso, também foram criadas publicações com o objetivo de enfraquecer alianças como a NATO ou a UE, ao afirmar que os interesses destas alianças eram colocados acima dos nacionais e que os Estados-membros são marionetas norte-americanas a serem “arrastadas” para a guerra na Ucrânia.
As publicações das 1366 contas foram posteriormente amplificadas por outras, tendo alcançado mais de 4,6 milhões de visualizações até ao final de junho. Até 23 de agosto, apenas uma das 623 contas sinalizadas pelo CDN foi suspensa. No total, continuavam ativas 664 contas.
As contas falsas imitavam organizações mediáticas legítimas para promover “narrativas benéficas à Rússia”. Um dos picos das publicações ocorreu no dia 15 de junho coincidindo com o início do Campeonato Europeu de Futebol na Alemanha e com a Cimeira sobre a Paz na Ucrânia, que ocorreu na Suíça.
Uma das publicações colocadas na rede social X lê-se “Meloni olha sempre para Bruxelas, não para Itália!”. Esta é apenas uma das 641 afirmações que criticavam o atual governo de um Estado-membro, sendo esta uma das estratégias mais recorrentes.
Na rede social X, havia dois grupos de contas: um que publicava um conteúdo original e outro que amplificava através da republicação e comentários. Na Alemanha, França e Itália, alguns comentários feitos por estas contas apoiavam partidos de extrema-direita ou “candidatos considerados como tendo uma atitude positiva em relação à Rússia”.
Também no Meta ocorreu uma campanha semelhante. Ainda em junho, foram feitos quase 100 anúncios com conteúdo a favor da Rússia, que visavam a França, Alemanha, Polónia e Itália. Entretanto já foram todos retirados, menos dois. Enquanto estiveram disponíveis, durante três dias, apenas 31 estavam identificados como conteúdo político.