
“Aquilo que é a decisão dos trabalhadores é que, agora, vamos fazer um pedido de reunião à administração [da ARM], uma vez que não houve iniciativa da empresa e avaliar qual é a disponibilidade, ou se existe disponibilidade, para negociar”, afirmou hoje Dario Ferreira.
O dirigente nacional do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE- CSRA), falava aos jornalistas numa conferência de imprensa promovida ao início da tarde desta quinta-feira, dia 27 de Março, em frente à sede das Águas e Resíduos da Madeira (ARM).
Em causa está "a ausência de respostas por parte do conselho de administração da empresa" perante as reivindicações dos trabalhadores da ARM, que estiveram em greve, em 28 de Fevereiro e 3 de Março.
Os trabalhadores da ARM – que o SITE tem estado a ouvir em plenários, realizados ao longo dos três últimos dias, reclamam a revisão do Acordo de Empresa (AE) para vigorar em 2025.
“Temos estado em conjunto com os trabalhadores a analisar o ponto da situação. Como é do conhecimento geral, no dia 28 de Fevereiro e no dia 3 de Março, os trabalhadores estiveram em luta e em greve, porque a proposta que a administração [da ARM] pôs em cima da mesa não corresponde àquilo que são as necessidades. Mais de 150 trabalhadores estão com o Salário Mínimo Regional, um terço dos trabalhadores da ARM ganha abaixo dos mil euros brutos, o que não é aceitável face ao aumento do custo de vida e não corresponde minimamente àquilo que são os objectivos e as aspirações dos trabalhadores”, evidenciou Dario Ferreira. “Aquilo que a empresa apresenta ainda assim mantém os trabalhadores no limiar da pobreza”, vinca o dirigente sindical.
Para já, mantém-se o impasse. Dario Ferreira não descarta, porém, a possibilidade de uma nova greve. “Não havendo, os trabalhadores estão disponíveis para voltar à luta. Não nos restará outra via (…). Essa luta poderá implicar nova greve, se ficar esgotada a via da negociação”, reitera.
O dirigente nacional do SITE aproveitou ainda a ocasião para denunciar a “discriminação” exercida pela empresa sobre os trabalhadores sindicalizados: “Os trabalhadores lamentam e repudiam aquilo que é a posição e a estratégia que a empresa decidiu encetar, que é a de tentar dividir os trabalhadores, fazendo discriminação naquilo que são os seus salários”, disse.
Dario Ferreira vai mais longe e acusa a ARM de “fazer conversas com os trabalhadores para tentar influenciá-los de alguma forma, a se desvincularem deste sindicato, para que seja fechado o acordo fechado com as outras estruturas sindicais”, designadamente o SINTAP e o STFP-RAM.
Com efeito, o representante do SITE admite que há mesmo trabalhadores "que, naturalmente, se desvincularam" do sindicato, em virtude das pressões sofridas.