"O risco maior que a democracia tem neste momento é o líder da AD ser substituído por um líder que faça uma coligação com o Chega", diz o presidente honorário do PS à Antena 1

A dois meses das eleições legislativas antecipadas, o histórico socialista Manuel Alegre teme que Luís Montenegro abandone a presidência do PSD e seja substituído à frente da Aliança Democrática por outro líder, como Pedro Passos Coelho, que esteja disposto a fazer um acordo com o Chega.
Em entrevista à Antena 1, o presidente honorário do PS considera que esse é “o maior risco" que a democracia enfrenta neste momento, sobretudo tendo em conta que a esquerda está enfraquecida e que a erosão do eleitorado do PCP e do Bloco de Esquerda inviabiliza a criação de uma nova geringonça.
"O risco maior que a democracia tem neste momento é o líder da AD ser substituído por um líder que faça uma coligação com o Chega", diz.
Para Manuel Alegre, Montenegro, que considera não se ter explicado bem no caso Spinumviva, é o único responsável pela atual crise política ao ter preferido a queda do Governo e a convocação de eleições à realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Candidatura de militar a Belém “levanta algumas suspeitas”
Quanto às presidenciais de janeiro do próximo ano, o antigo candidato sublinha que Henrique Gouveia e Melo tem tanto direito de entrar na corrida como "um homem da rádio, um escritor, um médico, um advogado ou uma pessoa que exerça qualquer outra profissão".
Ainda assim, Manuel Alegre admite que a candidatura de um militar “levanta sempre algumas suspeitas”. O histórico socialista ressalva que Gouveia e Melo “não atacou a democracia nem os partidos”, mas demonstrou “algum distanciamento" e isso pode criar “uma lógica anti-partidária”, que é perigosa.
“Uma candidatura desta natureza, independentemente da pessoa e das boas intenções da pessoa, tem uma lógica anti-partidária e isso não é bom para a democracia”, defende.
"Trump está a subverter o mundo"
Do ponto de vista internacional, o presidente honorário do PS frisa que “o que se está a passar no Médio Oriente é uma vergonha” e duvida que a paz na Faixa de Gaza esteja para breve, muito graças à atitude do presidente norte-americano, que permitiu a Israel quebrar o cessar-fogo “de uma maneira completamente bárbara”.
Na opinião de Manuel Alegre, Donald Trump está a destruir todos os alicerces da liberdade e das instituições democráticas dentro e fora dos Estados Unidos. “Há um antes e um depois de Trump. Trump está a subverter o mundo”, afirma.
Nesse sentido, diz Alegre, não resta à Europa nenhuma alternativa a não ser investir no rearmamento do Velho Continente.