A candidata presidencial Mariana Leitão, apoiada pela Iniciativa Liberal (IL), garante que não tem medo dos seus adversários na corrida a Belém, considerando que representam o “medo”, o “populismo” e o “conformismo”, e defende a convocação de eleições legislativas antecipadas caso a proposta de Orçamento do Estado para 2026 não seja aprovada.

“Face à situação do país, é pior vivermos em duodécimos e nessa instabilidade política do que fazer eleições. Portanto, o próximo Presidente da República, na minha opinião, a confirmar-se que não há orçamento, penso que em tempo concreto, pois também há prazos estabelecidos na lei, deve convocar eleições”, afirmou Mariana Leitão em entrevista ao podcast da Antena 1, 'Política com Assinatura'.

Olhando para os candidatos confirmados e perfilados à direita, a liberal vincou que Henrique Gouveia e Melo não representa o “equilíbrio” desejável, enquanto Luís Marques Mendes está longe de representar “ambição”.

“Não tenho medo de Gouveia e Melo, até porque não sei quem é Gouveia e Melo em concreto. Não se sabendo exatamente aquilo que pensa e defende, o Almirante já teve duas ou três intervenções na praça pública com ideias que eu tenho dificuldade em subscrever” começou por criticar, apontando para o facto de ter defendido que deverá ser mais importante para um jovem ter prestígio no desempenho de funções do que um salário.

Questionada sobre se admite que seria um retrocesso voltar a ter um militar em Belém, Mariana Leitão responde que de alguma forma sim e que seria importante que o chefe de Estado continuasse a ser o garante do equilíbrio.

“Gostaria que houvesse um equilíbrio que se construiu a partir dessa altura, um equilíbrio entre ter o Presidente da República que é, no fundo, alguém que vem da sociedade civil ou que é um político, e que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas. Portanto, esse equilíbrio entre as várias áreas, o político, o militar, é importante. E ao termos um militar, ou um ex-militar, novamente na Presidência da República, esse equilíbrio fica de alguma forma posto em causa", argumentou.

Todos os seus rivais, sublinha, representam “ideias” ou “convicções” com as quais discorda, seja o “populismo” e todo o “aproveitamento do medo” para conseguir ganhos de causa e pôr as “pessoas umas contra as outras”, ou um certo “conformismo”. E aqui deixa farpas também a Marques Mendes.

“Não acho que Marques Mendes consiga representar essa ambição. Estamos a falar de uma pessoa a quem falta essa convicção de que é preciso políticas diferentes para termos resultados diferentes. E Marques Mendes faz parte da história em que, nas últimas décadas, nós temos sempre tido as mesmas políticas à espera de, por milagre, ter resultados diferente”, atacou.

Virando-se para o PS, acusou o partido de Pedro Nuno Santos de andar à caça do melhor perfil para candidato presidencial em função do que mas lhe convier: “Parece-me que o PS está um pouco à deriva e está a tentar moldar o perfil à medida do eventual candidato que vai querer apoiar e, como, entretanto, as coisas vão mudando, vai adaptando esse perfil àquilo que lhe é mais conveniente”, ironizou.

Mariana Leitão não deixou também de criticar o atual Presidente da República, lamentando que Marcelo Rebelo de Sousa faça demasiado uso da palavra, esquecendo-se que todas as declarações têm peso político.

Marcelo Rebelo de Sousa comentou demasiado, demasiados temas. Acho que esse foi um dos principais erros que fez com que se banalizasse a palavra do Presidente da República. E, portanto, aquele ímpeto que ele poderia ter de dar esta urgência aos temas, de garantir que o caminho que é, no fundo, um guia para o futuro do país, perdeu-se”, concluiu.