"Trouxe matapa, que é folha de mandioca pilada, trouxe mandioca fresca, castanha -- aqui também há muita castanha, mas o sabor é diferente --, trouxe amendoim pilado, licores tradicionais, cerveja para utilizarmos em determinados pratos, trouxe peixe seco, piripíris, especiarias. Isto tudo para ser o mais verdadeiro possível do que temos de bom em Moçambique", disse, lamentando que o limite de bagagem não permita maior quantidade.

Até dia 26, no hotel Grand Lapa de Macau, será possível experimentar vários pratos, em 'buffet' de almoço e jantar, com destaque para o que Carlos Graça chama o "cartão-de-visita de Moçambique": "A matapa, folha de mandioca pisada que leva quatro horas a ser confecionada, onde se junta amendoim pilado, leite de coco e mariscos, neste caso vou fazer com camarão ou com caranguejo, e acompanha com xima, que é uma espécie de puré de milho que é habito comer-se em África. É um prato muito apreciado e confecionado de norte a sul".

O evento é organizado pela Associação dos Amigos de Moçambique de Macau, que salienta o jantar especial de dia 25 para celebrar o 41.º aniversário da independência do país, aberto a quem quiser participar, mediante inscrição.

Apesar das grandes diferenças culinárias entre a China e Moçambique, a semana gastronómica tem vindo a atrair cada vez mais público chinês.

"Tem cada vez mais sucesso, sempre casa cheia, geralmente nunca há lugares. As pessoas gostam de uma maneira geral, não só chineses mas também a comunidade portuguesa. Há muitos moçambicanos, muitos africanos, há muita procura e isso incentiva-me a voltar a Macau", explicou o 'chef'.

O público chinês, disse, aprecia particularmente o marisco e também gosta dos pratos com caril. "Na gastronomia moçambicana temos uma fusão da cozinha portuguesa e indiana, temos um hábito de usar o pó de caril e temos as feijoadas de Portugal, esses gostinhos todos misturados fazem a nossa comida", sublinhou.

Apesar da regularidade com que visita Macau, que já considera "uma segunda casa", Carlos Graça afastou a ideia de abrir um espaço permanente na cidade dedicado à gastronomia moçambicana.

"Estou estabelecido em Moçambique, tenho um restaurante em Maputo. Vindo para Macau não tinha com quem o deixar. Mas acredito que [um restaurante em Macau] tivesse muito movimento, com a procura que há", concluiu.

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