
Desde 13 de março que as filas nos poucos postos de abastecimento com combustível vão crescendo e quem consegue abastecer chega a esperar mais de cinco horas para atestar, seja viaturas ou todo o tipo de bidões, situação motivada, segundo a petrolífera estatal Petromoc, pelo corte da via entre as províncias de Nampula e Cabo Delgado, devido às consequências do recente ciclone Jude, e pela reduzida capacidade de armazenamento local.
"Estou aqui desde 06:00 e até agora não consegui combustível. E o meu serviço somente é esse só, para poder comer é andar na estrada. Então, não posso sair daqui sem conseguir combustível", relatou Momade Abdala, 33 anos, moto-taxista na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, quando, a meio da manhã, ainda aguardava pela sua vez numa fila onde milhares empurravam os veículos debaixo de um sol escaldante, tentando reabastecer.
Neste cenário, apela à resolução urgente do problema, até por ser Cabo Delgado a principal província produtora de hidrocarbonetos, neste caso gás natural, que é exportado: "Com todos os nossos recursos minerais, que temos em Cabo Delgado, sofremos. Não somos italianos ou americanos, não faz sentido nós sofrermos enquanto a riqueza é nossa".
Noutra fila aguarda Mahando Falume, 53 anos, que tem combustível para dois ou três dias. Contudo, o receio de ver acabar o produto antes de a província ser reabastecida levou-o a esperar horas para tentar reabastecer.
"Tenho de acrescentar, para poder andar", apontou o trabalhador.
Esta crise de combustível em Cabo Delgado, a província mais a norte em Moçambique, levou os transportadores de passageiros urbanos de Pemba a avançarem com especulação nos preços dos transportes, travada entretanto pela intervenção da autarquia local.
O Conselho Municipal de Pemba alega que, apesar da escassez, não houve alteração nos preços de venda dos combustíveis que justifique a subida nas tarifas dos transportes.
RYCE // JMC
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