Segundo a polícia, as duas manifestações reuniram mais de 40.000 pessoas, das quais cerca de 30.000 no centro de Atenas e perto de 16.000 em Salónica, a segunda maior cidade do norte da Grécia.

A polícia indica que a manifestação na capital, que levou ao corte de trânsito em muitas ruas do centro de Atenas, ficou marcada por confrontos entre os manifestantes e a polícia de choque, tendo um grupo de manifestantes atirado cocktails molotov contra os agentes.

Um manifestante disse à agência France-Presse que a polícia de choque utilizou gás lacrimogéneo e granadas sonoras antes de os manifestantes começarem a abandonar a Praça Syntagma, em frente ao parlamento grego.

"Não esquecemos, não perdoamos", "Justiça, não ao encobrimento (do caso)", "Estamos a sair à rua pelas vozes que foram silenciadas pela falta de oxigénio" e "Não tenho oxigénio" foram algumas das faixas exibidas pelos manifestantes.

Em Salónica, Pavlos Aslanidis, pai de um jovem de 26 anos morto no acidente, mostrou-se satisfeito com a dimensão da manifestação que foi convocada por um coletivo das famílias.

"Gostaria de agradecer a todas as pessoas que estão a responder a este apelo hoje, porque há dois anos que os responsáveis pelo assassínio dos nossos filhos estão escondidos", disse Mirela Roussi, mãe de um outro jovem que morreu no acidente.

A 28 de fevereiro de 2023, pouco antes da meia-noite, um comboio de passageiros que ia de Atenas para Salónica (norte) chocou de frente com um comboio de mercadorias perto do vale de Tempé, em Larissa (centro e a 350 quilómetros a norte de Atenas), matando 57 pessoas, muitas delas estudantes.

Os dois comboios, um dos quais transportava mais de 350 passageiros, circulavam na mesma via há 19 minutos sem que fosse acionado qualquer sistema de alarme antes da colisão.

Mirela Roussi considerou que "o caso já não é das famílias, mas de todos os gregos" e acusou o Estado grego de ter "abafado o caso".

Um novo relatório de um perito financiado pelas famílias das vítimas, divulgado na semana passada, revelou que o comboio de mercadorias transportava carga "ilegal", que incluía químicos explosivos que provocaram um incêndio na colisão durante o qual muitas vítimas foram asfixiadas por falta de oxigénio.

Segundo gravações de equipas de salvamento que telefonaram para as vítimas presas debaixo dos escombros, publicadas nas redes sociais na semana passada, uma das vítimas gritou "não tenho oxigénio".

O acidente foi atribuído a falhas na rede ferroviária e a "erros humanos", nomeadamente por parte do diretor da estação perto de Larissa, que foi acusado.

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