A ministra da Saúde está ser ouvida na Assembleia da República, esta terça-feira, sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025 mas foi questionada pelos deputados com os atrasos registados na linha 112 e no acionamento dos meios de socorro.
Ana Paula Martins lamentou situação "que muitas famílias viveram" e assegurou que tudo fará "para apurar responsabilidades e determinar se houve ou não relação entre as mortes e a falta ou o atraso nos meios de socorro e emergência".
"Não tenham dúvidas de que, enquanto ministra da Saúde, assumo total responsabilidade pelo que correu menos bem e comprometo-me, em nome do Governo, a executar as medidas necessários para a refundação do INEM ", disse a ministra no Parlamento.
Ministra culpa Governo anterior pela falta de recursos no INEM
A ministra da Saúde alertou para o facto de as chamadas diárias para o INEM terem aumentado, "sendo hoje cerca de 4 mil por dia". Por outro lado, o número de técnicos de emergência médica no CODU "tem diminuído" e os "tempos até ao atendimento das chamadas têm aumentado".
O tempo médio de atendimento subiu de 12 segundos em 2021 para 36 segundos em 2023 e, entre 01 de janeiro e 31 de outubro, o tempo médio de atendimento chegou aos 68 segundos, disse a ministra.
Ana Paula Martins anunciou que os tempos de espera das chamadas para o INEM passam a estar disponíveis no site do instituto.
A ministra da Saúde culpa o Governo anterior pela falta de recursos no INEM e pelo aumento do tempo de espera.
A este respeito, assumiu que a reorganização dos serviços de urgência e emergência assume "a maior prioridade" para este Governo e disse estar esta terça-feira no Parlamento "cara a cara" para "ouvir as propostas, comentários e as motivações" dos deputados para "melhorar o caminho escolhido e determinado pelo programa do Governo".
"Não fujo. Não minto e não me escondo", disse Ana Paula Martins.
Ainda esta terça-feira Ana Paula Martins visita a sede do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Lisboa, seis dias depois das medidas de contingência para minimizar atrasos na resposta à população.
Montenegro defende que problemas no INEM não se resolvem com demissão
Depois de se terem verificado pelo menos 11 mortes alegadamente relacionadas com falhas na resposta do INEM, foram abertos vários inquéritos e diversos partidos da oposição pediram diretamente a demissão da ministra da Saúde, enquanto outros desafiaram o primeiro-ministro a avaliar se Ana Paula Martins tem condições para se manter no cargo.
Na resposta, Luís Montenegro considerou que as dificuldades no INEM não se resolvem com a demissão de Ana Paula Martins, alegando que a consequência política a tirar passa por resolver os problemas do instituto.
A bancada do PS já pediu também para que o presidente do instituto que coordena o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), Sérgio Janeiro, seja ouvido na Comissão de Saúde urgentemente, para "apurar responsabilidades pelo colapso" do sistema, um requerimento que vai ser votado hoje à tarde.
Com Lusa