Juca Ferreira, que iniciou hoje uma visita de trabalho de dois dias a Angola, reuniu-se com a sua homóloga de Angola, Rosa Cruz e Silva, para a identificação de áreas passíveis de cooperação entre os dois países.

O governante brasileiro admitiu a existência de "erros na condução do acordo [ortográfico]", mas considerou a ideia "muito boa", por ser uma língua que se realiza territorialmente em regiões distintas, igualmente diferentes em termos antropológicos e sociológicos.

"Se não cuidarmos de mantê-la enquanto uma unidade, e para isso precisamos trabalhar conjuntamente, a gente não vai conseguir mantê-la enquanto mesma língua e acho que interessa a todos os países de língua portuguesa, inclusive para que possamos criar uma economia cultural forte e com presença sólida no cenário internacional", disse Juca Ferreira.

O titular da pasta da Cultura do Brasil admitiu que "faltou uma visão mais generosa" na preparação do acordo, nomeadamente ao nível das especificidades dos outros países.

"Mas acho que retroceder seria ruim, então acho que temos que pensar numa forma de daqui para a frente ir estabelecendo relações criativas importantes", frisou.

Por sua vez, Rosa Cruz e Silva disse que os erros identificados e que estiveram na base da prudência de Angola relativamente à ratificação do acordo já foram suficientemente estudados.

O Governo de Angola continua sem se pronunciar sobre a ratificação final do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa, pretendendo que todos os países tenham a possibilidade de manter um vocabulário ortográfico nacional.

"O Ministério da Educação que coordena o trabalho em parceria connosco, encomendou um estudo muito bem elaborado e estão identificadas as razões dessa prudência e a solução para nós possamos estar alinhados com todos os demais países de língua portuguesa que assinaram", explicou a ministra.

O Acordo Ortográfico já foi ratificado pela maioria dos países lusófonos, à exceção de Angola e Moçambique.

Segundo a ministra angolana, Angola tem todo o interesse em ratificar o acordo, mas não prescinde de uma abertura para as especificidades que caracterizam o português falado no país africano.

"É isto que Angola reivindica e que penso que hoje os demais parceiros, nomeadamente Portugal e o Brasil estão mais disponíveis, mais abertos para que se cumpram esses pressupostos", frisou, realçando que os dois países estão de acordo nesta matéria.

"Angola está disponível, o nosso setor está disponível para que isso possa acontecer, porque isso vai facilitar enormemente a troca, o intercâmbio que nós queremos nos dois sentidos e com a mesma intensidade", destacou ainda a ministra.

NME // JMR

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