"Venho trazer a nova política que Cabo Verde está a inaugurar para a sua diáspora, que dá centralidade às nossas comunidades e vê as comunidades como uma extensão do seu território, principalmente no seu aspeto económico e social, mas acima de tudo reconhecendo a sua importância em todo o processo de desenvolvimento de Cabo Verde", afirmou o ministro em declarações à Agência Lusa.
O ministro vai participar durante a semana em vários encontros com a comunidade, assim como reuniões de trabalho com as autoridades nacionais e locais.
Em Paris, Jorge Santos encontrou-se hoje com Elisabeth Moreno, ministra francesa da Igualdade que nasceu em Cabo Verde, e com um representante do ministro do Negócios Estrangeiros de forma a discutir novos programas de cooperação com França.
"São programas importantes, relacionados com a promoção empresarial, principalmente dos jovens empreendedores. É um programa de valorização dos talentos da nossa comunidade e a ligação entre as autoridades locais dos dois países", indicou o ministro.
Para Jorge Santos, antigo presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, este é o momento de olhar de outra forma para a comunidade cabo-verdiana em França. A diáspora conta cada vez mais com jovens em posições de destaque em terras gaulesas e o governante quer criar um novo diálogo para atrair também mais investimento.
"Cabo Verde está a criar um ecossistema de investimento externo, mas também com uma especificidade para a nossa diáspora. Nós já aprovámos o estatuto de investidor emigrante e temos um conjunto de incentivos fiscais", frisou o ministro.
Outra forma de manter o diálogo, segundo o governante, é criar um Conselho das Comunidades de Cabo Verde em todos os países onde está presente esta diáspora. Em França, onde a comunidade se eleva a 60 mil pessoas, este Conselho seria também regional, com representantes da comunidade em diversos pontos, como Paris ou Nice.
"Este conselho regional é um conselho consultivo, que emite opiniões e faz o casamento entre a diáspora e o país", resumiu o ministro.
Acolhido na Embaixada de Cabo Verde esta noite por dezenas de figuras da comunidade, o ministro anunciou também que vai ser conhecido brevemente um novo protocolo para a alfândega de Cabo Verde, já que esta é uma das maiores queixas dos emigrantes que tentam fazer chegar às suas famílias diversos bens.
Outra "boa notícia" é o regresso à atividade da TACV, companhia aérea de Cabo Verde, que voltará a ter voos regulares com Paris no segundo semestre de 2022.
"Nós conseguimos tirar a TACV do fundo do poço onde se encontrava e isso é um esforço grande nacional. Esse esforço só é justificado pela presença da nossa diáspora no Mundo. Temos de ter uma companhia que faça essa ligação. Já começámos as ligações com Portugal [...], já faz as ilhas de Santiago, Sal e São Vicente. No segundo semestre vamos inaugurar os voos para Paris e para Boston", declarou o ministro.
Também os transportes inter-ilhas, a TICV está a adquirir novos aparelhos e tem "um programa de expansão" que prevê a ligação das ilhas cabo-verdianas com os diferentes países da região da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Sem embaixador em França desde setembro de 2021, o ministro das Comunidades de Cabo Verde avançou que a nomeação será conhecida "nos próximos dias".
"É um processo que está em curso, penso que as eleições aqui em França não vão dificultar esse processo, é uma questão de dias. A decisão está na sua fase final e existem formalismos diplomáticos necessários e exigidos", concluiu.
Jorge Santos vai encontrar-se no sábado com as comunidades cabo-verdianas na região parisiense, partindo depois para Marselha, Nice e Lyon onde encontrará as comunidades cabo-verdianas dessas cidades, assim como as autoridades locais.
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