"Parece-me que a situação na Guiné-Bissau é deveras complexa", referiu o governante, em entrevista à Televisão de Cabo Verde (TCV), no domingo.

Trata-se de uma situação "que exige que os guineenses, em primeiro lugar, encontrem as melhores vias para saírem do impasse em que se encontram", acrescentou.

Questionado sobre o papel da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja presidência rotativa deverá ser entregue à Guiné-Bissau no próximo ano, Rui Figueiredo Soares disse que, tanto a organização, como Cabo Verde, estarão "certamente todos disponíveis para encontrar soluções".

"Nós temos aqui de respeitar as disposições internas e a política interna de cada país. É o fio da navalha, é um caminho muito estreito, em relação à CPLP, saber até que ponto, como organização, devemos pronunciar-nos e respeitar a soberania de cada um dos Estados", acrescentou.

"Não deixamos de fazer as nossas considerações ao nível das Cimeiras de chefes de Estado e de Governo e reuniões interministeriais, mas há um limite além do qual as organizações não podem ir", concluiu.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, marcou eleições legislativas antecipadas para 24 de novembro, depois de ter dissolvido o parlamento, em dezembro de 2023, fora dos prazos constitucionais, e formou um Governo de iniciativa presidencial.

Zacarias da Costa, secretário executivo da CPLP, referiu no final da semana, em entrevista à Lusa, que a organização está a seguir com "alguma preocupação" a situação na Guiné-Bissau, um dos seus nove Estados-membros e aquele que deverá assumir a presidência rotativa em 2025, a seguir à presidência são-tomense.

Em reação a estas declarações, o ministro dos Negócios Estrangeiros guineense afirmou que "não há preocupação" em relação à situação no seu país, assegurando que a Guiné Bissau está "mais do que preparada para assumir a presidência da CPLP" em julho de 2025 e que o país irá realizar umas eleições legislativas "transparentes e livres", cujos "resultados [eleitorais] serão respeitados".

Carlos Pinto Pereira classificou as declarações de Zacarias da Costa "pouco abonatórias", lamentando o facto de terem sido proferidas "sem ouvir o Estado-membro em questão".

O Presidente cabo-verdiano nomeou hoje José Filomeno de Carvalho Dias Monteiro como novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, anunciou em comunicado.

A nomeação foi proposta pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e a cerimónia de posse está agendada para quarta-feira, às 12:00 (14:00 em Lisboa), no palácio do Presidente da República.

"Disse sempre que, antes dos 70, poria ponto final na atividade politica para me dedicar a outras paixões, nomeadamente a docência na área do Direito", atividade a que se dedicará agora, na Praia, esclareceu Rui Figueiredo Soares.

"Não me cansei do MNE, nem da política cabo-verdiana, estarei sempre disponível para outras atividades que sirvam o país, mas há um tempo para tudo", explicou, na entrevista de domingo.

LFO (ATR) // MLL

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