Em Maputo, os manifestantes estão a aproximar-se do Palácio Presidencial e há relatos de polícias e militares que se estão também a juntar aos protestos.
Em dia de manifestação nacional contra os resultados eleitorais, nas principais ruas da capital moçambicana há uma forte presença da polícia e de militares.
A polícia já usou gás lacrimogéneo para dispersar os milhares de manifestantes e várias pessoas foram detidas.
Anoitece entre o cheiro a queimado e a gás lacrimogéneo
O centro da capital moçambicana apresentava, nesta quinta-feira, ao fim do dia, um rasto de destruição, com algumas barricadas de manifestantes, apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, travados pela polícia, a resistem entre o cheiro a queimado e gás lacrimogéneo.
Numa ronda pela cidade de Maputo ao cair da noite a Lusa constatou dezenas de focos de pneus e outros objetos em chamas ou em cinzas pelas ruas, embora com o trânsito já quase totalmente reposto no coração da capital moçambicana, após a intervenção dos bombeiros.
O cheiro a queimado e a gás lacrimogéneo sente-se em várias ruas da cidade, praticamente desertas ao início da noite, com todo o tipo de espaços públicos e privados encerrados, como no resto do dia.
O rasto de destruição compõe-se ainda por pedras de todos os tamanhos, contentores do lixo de todas as dimensões e paus espalhados por várias ruas, e a insegurança que se sente na cidade faz com que as regras de trânsito sejam praticamente esquecidas pelos poucos condutores que arriscam sair, com receio de serem apanhados entre manifestantes e a polícia.
100 pessoas invadiram e roubaram lojas num centro comercial
Esta manhã, durante o protesto, mais de 100 pessoas invadiram e vandalizaram duas lojas num centro comercial no centro da capital, roubando ainda televisões e telemóveis.
A tensão não para de aumentar e nas ruas ouvem-se constantemente disparos e explosões.
Tal como acontece desde a semana passada, há restrições no acesso à internet, nomeadamente nas redes sociais.
O Presidente Filipe Nyusi ainda não se pronunciou desde a escalada dos protestos. O ministro da Defesa ameaça mobilizar o exército e adverte contra as tentativas de tomada do poder.
Consulado-geral de Portugal em Maputo cria canal de comunicação direta
O Consulado-Geral de Portugal em Maputo criou um grupo na rede social Whatsapp "para disponibilizar um canal de comunicação direta adicional", tendo em conta a "atual situação de instabilidade" em Moçambique, disse à Lusa fonte diplomática.
"Este canal é exclusivamente destinado à comunidade portuguesa na área de jurisdição do Consulado-Geral para contactos em contexto de situações de crise", explica o Consulado-Geral.
O que se passa em Maputo?
Desde que foram conhecidos os resultados das eleições Presidenciais, há duas semanas, que emergiu uma onda de contestação em Maputo.
A oposição, liderada por Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique, ficou em segundo lugar, mas não reconheceu os resultados.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou a 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%. Os resultados ainda não foram certificados oficialmente, processo que normalmente demora cerca de dois meses.
Em resposta, Venâncio Mondlane convocou a população para uma paralisação geral de sete dias, que começou a 31 de outubro e que ‘culmina’ esta quinta-feira com uma manifestação nacional em Maputo.
Os confrontos já fizeram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos.
[Em atualização]