"Uma semana [até 07 de novembro] é suficiente para sairmos todos dos nossos distritos, das nossas localidades, para Maputo", afirmou Venâncio Mondlane, que contesta os resultados das eleições gerais de 09 de outubro, numa intervenção a partir da sua conta oficial na rede social Facebook.
Na intervenção, Mondlane apelou a manifestações junto das estruturas locais da CNE e sedes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) a partir de quinta-feira, 31 de outubro, para quem não tem capacidade para se movimentar, pedindo aos restantes, de todo o país, para iniciarem a viagem para Maputo até 07 de novembro.
"Vamos encher toda a cidade de Maputo e estou a prever quatro milhões de moçambicanos (...), uma enchente nunca vista", apelou, reconhecendo estar a pedir "um sacrífico" à população.
Esta será o que Venâncio Mondlane classificou de terceira etapa da contestação, que nas anteriores já envolveu confrontos violentos entre apoiantes e a polícia.
"Paralisação durante uma semana. Desta vez é coisa para doer. Temos de nos sacrificar pelo nosso país", disse, insistindo: "A partir de quinta-feira, que é dia 31 de outubro, marquem esta data. Vamos começar um novo ciclo, paralisação total, greve, manifestações públicas, na rua".
"Vamos iniciar um ciclo muito pesado. Eu, tu, temos de fazer alguma coisa por este país", disse, na mesma intervenção.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirma não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.
Na quinta-feira passada, o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".
O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, estima que dez pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira, que se sucederam a iguais confrontos violentos em 21 de outubro, também convocados por Venâncio Mondlane.
PVJ // MLL
Lusa/Fim