"Chegou a hora de devolver Moçambique aos moçambicanos. (...) A partir de 2025, todas as empresas que estão a extrair riquezas minerais em Manica vão ter de pagar impostos", disse Mondlane, em Chimoio, na capital da província de Manica.
O candidato - que voltou hoje a arrastar uma multidão e cuja veneração dos apoiantes na província de Manica se traduziu num novo batismo, o de "Messias" - garantiu que, "com estes impostos", Chimoio "vai ser o novo Dubai ou Catar".
Num comício no centro da cidade, Mondlane prometeu ainda "fibra ótica de borla para todas as escolas", um 'tablet' para os alunos e lanches oferecidos pelo Estado para os estudantes do ensino primário até à sexta classe. E um comboio elétrico de alta velocidade que iria ligar Maputo a Cabo Delgado em quatro horas.
Em pouco menos de um ano, o antigo militante da terceira força no parlamento (Movimento Democrático de Moçambique, MDM) candidatou-se ao Município de Maputo pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), foi impedido de concorrer à liderança do maior partido da oposição e lançou uma candidatura independente ao mais alto cargo da nação, procurando destronar a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde a independência do país, em 1975.
O percurso não parece causar estranheza entre os apoiantes, que o receberam na cidade de Chimoio com cânticos e palavras de ordem que se tornaram 'mantras' da candidatura durante a campanha eleitoral: "Salva Moçambique. Este país é nosso!"; "Povo no poder!" e "Venâncio chegou, a mentira já acabou!", gritando repetidamente que o "Messias" chegara.
No aeródromo de Chimoio, as danças e a efusividade dos apoiantes que envergam as amarelas 't-shirts' do Podemos -- partido extra-parlamentar que apoia a candidatura -- foram interrompidas por duas vezes, dando lugar a momentos mais tensos, com a passagem de viaturas de propaganda da Frelimo, uma delas conduzida pelo próprio presidente do município, João Ferreira, eleito pelo partido no poder.
"Uma provocação", comentaram três jovens, enquanto outro grupo perseguia os veículos, gritando "suca, suca", uma interjeição moçambicana usada para expulsar alguém.
Um 'enxame' ensurdecedor de motorizadas partilhadas e de gente a pé, que foi engrossando a caravana, que chegava, numa correria, vinda dos bairros de terra batida de Chimoio, acompanhou Mondlane até ao centro da cidade, onde discursou em cima de uma carrinha, sempre sob escolta policial, preocupada, sobretudo, em mitigar o caos crescente.
Moçambique realiza na próxima quarta-feira as sétimas eleições presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.
Para além de Mondlane, concorrem à Presidência da República Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, no poder, Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, e Lutero Simango, apoiado pelo MDM.
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