Vladimir Putin foi recebido nesta terça-feira com honras de Estado na Mongólia, país que ignorou os apelos à detenção do Presidente russo face ao mandado emitido em março do ano passado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), levando a Ucrânia a pedir uma reação internacional forte.
Um pequeno grupo de manifestantes tentou desfraldar uma bandeira ucraniana antes da cerimónia em Ulan Bator, mas foi levado pela polícia. Cinco outros manifestantes, que se reuniram a alguns quarteirões a oeste da praça principal, ergueram uma faixa anti-Putin e uma bandeira ucraniana, mas dispersaram depois de saberem das detenções.
“Isto é um golpe sério para a reputação do TPI e para todo o sistema de direito internacional”, disse Oleksandr Merezhko, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento ucraniano e deputado do partido governamental Servo do Povo, à agência noticiosa EFE.
A União Europeia lamentou numa nota que a Mongólia, país que faz parte do Estatuto de Roma, “não tenha cumprido com as suas obrigações ao abrigo deste estatuto e levado a cabo o mandado de detenção” do Presidente russo. Esta foi a primeira deslocação de Putin a um país membro do TPI desde a emissão do mandado, devido a alegados crimes de guerra decorrentes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Na Ucrânia, pelo menos 51 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na sequência de um ataque de mísseis russos contra a cidade de Poltava, que destruiu parcialmente um instituto militar. “A escumalha russa será definitivamente responsabilizada por este ataque”, assegurou o Presidente ucraniano, que ordenou uma investigação ao sucedido, no Telegram.
Mais notícias do dia:
⇒ Os Estados Unidos estão perto de um acordo para fornecer à Ucrânia mísseis de cruzeiro de longo alcance que podem atingir a Rússia, mas Kiev terá de esperar vários meses enquanto os Estados Unidos resolvem questões técnicas antes de qualquer envio, disseram funcionários norte-americanos sob anonimato à Reuters.
⇒ As autoridades russas indicaram que o exército ucraniano sofreu mais de 9300 baixas na incursão terrestre contra a região russa de Kursk, iniciada em agosto, na qual Kiev reclama o controlo de uma centena de localidades. O Ministério da Defesa russo informou em comunicado que o exército ucraniano perdeu também 80 carros de combate, 38 veículos de infantaria, 70 veículos blindados de transporte e outros 561 veículos.
⇒ A empresa pública de energia atómica ucraniana Energoatom denunciou que um ataque russo obrigou a que fosse desligada uma das duas linhas do sistema ucraniano que fornece eletricidade à central nuclear de Zaporíjia, ocupada pela Rússia desde 2022. O alerta de Kiev coincide com a visita à central do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) , Rafael Grossi, que tem avaliado pessoalmente a situação de segurança da instalação no terreno em repetidas ocasiões desde o início do conflito.
⇒ A AIEA anunciou que vai aumentar a assistência à Ucrânia, enviando inspetores a postos de transformação elétrica danificados pela Rússia, essenciais para garantir a segurança das instalações nucleares. “A segurança das centrais nucleares em funcionamento depende de uma ligação estável e fiável à rede elétrica. Em consequência da guerra, a situação é cada vez mais vulnerável e potencialmente perigosa nesse aspeto”, afirmou Grossi.
⇒ O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deverá anunciar na quarta-feira mudanças em mais de metade do Governo, segundo o porta-voz do seu partido, Servo do Povo. “Tal como prometido, esta semana podemos esperar uma mudança importante no Governo. Mais de 50% dos membros do Conselho de Ministros vão sofrer alterações”, anunciou David Arajamia no Telegram.
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