O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reafirma que não há nenhum conflito de interesses pelo facto de a mulher e os filhos serem sócios de uma empresa ligada ao imobiliário.

O jornal Correio da Manhã escreve esta terça-feira que a empresa, de que Montenegro deixou de ser sócio no verão de 2022, contraria as regras do Código de Conduta do Governo.

Como a SIC noticiou na segunda-feira, o objeto social da sociedade mudou pouco depois de o Executivo tomar posse, passando a incluir a compra de imóveis para revenda.

O primeiro-ministro reafirma, no entanto, que a empresa nunca fez nenhum negócio nessa área. E defende que esta mudança no objeto social não cria nenhum conflito de interesses.

“Sinceramente, não há nenhum conflito de interesses (...) Reitero que não vejo essa necessidade, uma vez que a inclusão no objeto social da compra a venda de propriedades em si não gera conflito de interesses.”

Ao Correio da Manhã, Montenegro garante ainda que a empresa nunca celebrou nenhum contrato com entidades públicas.

Chega volta a fazer ultimato a Montenegro

O Chega volta a ameaçar com uma moção de censura se o primeiro-ministro não explicar a faturação da empresa familiar. André Ventura alega que podem ter sido feitos contratos com entidades públicas.

Caso avance, a iniciativa está chumbada. PS, Bloco de Esquerda e PCP vão votar contra.

O líder do Chega nega que a moção de censura seja uma forma de desviar atenções sobre os casos do partido.

Empresa faturou 718 mil euros em três anos

A SIC consultou toda a informação pública disponível sobre a empresa criada por Luís Montenegro em 2021. Já não é gerente nem sócio desde o verão de 2022, quando se tornou líder do PSD. No entanto, uma semana depois de ter tomado posse, a mulher e os filhos, a quem transmitiu as quotas, reforçaram o interesse pelo ramo imobiliário.

Uma semana depois de Luís Montenegro tomar posse como primeiro-ministro, a empresa da família passou a incluir no objeto social a aquisição para revenda de bens imóveis.

Montenegro fundou a empresa em 2021, com a atividade principal de consultoria para os negócios e outra consultoria para a gestão. Nesse ano, faturou 67 mil euros, mas no ano seguinte, quando chegou a líder do PSD, o valor subiu para 415 mil. E até ao fim de 2024 a faturação total atinge 718 mil euros em três anos.

A 30 de junho de 2022, na véspera de assumir a liderança do partido, Montenegro renunciou ao cargo de gerente da empresa e dividiu toda a participação pelos dois filhos e pela mulher.