Luís Montenegro falava no final de um encontro de cerca de uma hora com o secretário-geral da ONU, António Guterres, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento (Lisboa).

O chefe do Governo disse ter transmitido a Guterres uma preocupação particular com "uma situação concreta que diz muito a Portugal e aos portugueses que é a situação que se vive em Moçambique".

"Tive a ocasião de dizer ao senhor secretário-geral que nos empenharemos em poder garantir contenção, em poder garantir capacidade de diálogo, em poder garantir que não haja uma escalada de violência em Moçambique para que se ultrapasse, no respeito pelas instituições e pelos valores democráticos, o impasse que está criado e a conflitualidade nas ruas que infelizmente tem marcado os últimos dias naquele país amigo e irmão", afirmou.

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

SMA (PVJ) // JPS

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