Um decreto assinado esta manhã pelo Presidente russo, Vladimir Putin, indica que Moscovo planeia recrutar 133 mil novos soldados entre outubro e janeiro. A nova vaga de recrutamento afetará aqueles que não estão na reserva e que são elegíveis para o serviço militar, adianta o jornal “The Guardian”. Ou seja, homens com idades entre os 18 e os 30 anos serão convocados na nova campanha de recrutamento do outono.
As forças russas estão a avançar no leste da Ucrânia em algumas partes de uma vasta linha da frente de 1000 quilómetros, e estão a tentar expulsar as forças ucranianas da região russa de Kursk.
Paralelamente, a Rússia está a planear um aumento de 30% dos gastos com a defesa para o próximo ano, informa a AFP. Com esta subida, o orçamento de defesa da Rússia é elevado para 13,5 mil milhões de rublos (145 mil milhões de dólares) em 2025.
Putin divulgou uma mensagem vídeo, que serve para assinalar o segundo aniversário do que designa por “Dia da Reunificação”, ou seja, dois anos desde que Moscovo reivindicou formalmente as regiões de Donetsk, Luhansk , Zaporíjia e Kherson. No vídeo, o líder do Kremlin afirma que, quando começou a guerra, o seu objetivo era desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia. “A verdade está do nosso lado. Todas as metas estabelecidas serão alcançadas.” O Presidente da Federação Russa voltou ainda a criticar as “elites ocidentais” que terão "transformado a Ucrânia na sua colónia, numa base militar destinada à Rússia” e que alimentaram “ódio, nacionalismo radical e hostilidade a tudo o que é russo”.
“Hoje lutamos por um futuro seguro e próspero para os nossos filhos e netos”, declarou Putin. A guerra prossegue, de facto, favorecendo a Rússia. Nesta segunda-feira, 11 regiões ucranianas foram alvo de um ataque russo com mísseis e drones que durou cinco horas. A Força Aérea ucraniana afirmou que as forças de Moscovo dispararam mísseis e drones contra as 11 regiões do país, naquela que foi a 33ª. noite consecutiva de ataques aéreos atrás da linha da frente.
Em Kiev, ouviram-se várias explosões e disparos durante a noite, enquanto as defesas aéreas da capital ucraniana tentavam dar resposta a um ataque com drones durante cinco horas. A Rússia tem utilizado cada vez mais drones Shahed nos bombardeamentos aéreos de cidades ucranianas.
As forças russas dizem ter capturado a aldeia de Nelipivka, na região de Donetsk, informou a agência de notícias Interfax, citando o Ministério da Defesa russo. Esta afirmação ainda não foi verificada de forma independente, mas, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, as forças russas continuam as suas operações ofensivas perto de Nelipivka e a oeste de Toretsk, na direção da vila de Shcherbynivka, também na região de Donetsk.
Nelipivka tinha uma população de pouco menos de mil pessoas antes do início da guerra, em 2022, de acordo com as estatísticas oficiais.
As forças russas aceleraram nas últimas semanas o seu avanço em Donetsk, capturando uma série de cidades e aldeias, e reivindicando o domínio de Marynivka e Ukrainsk. As tropas de Moscovo têm avançado em direção ao importante centro logístico de Pokrovsk. Se a cidade do leste da Ucrânia cair, as forças russas conseguirão cortar uma das principais rotas de abastecimento da região.
Outras notícias em destaque:
⇒ Um tribunal russo condenou a prisão perpétua um homem suspeito de um ataque com um carro armadilhado que feriu gravemente o escritor nacionalista Zakhar Prilepin em maio de 2023. Prilepin, um forte defensor da guerra da Rússia na Ucrânia, ficou ferido no atentado na região de Nizhny Novgorod, tendo o seu motorista morrido. O arguido condenado chama-se Alexander Permyakov, é natural da região do Donbas, no leste da Ucrânia, e combateu com os separatistas apoiados pela Rússia.
⇒ O futuro presidente do Conselho Europeu, António Costa, vai reunir-se na terça-feira com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, em Budapeste, continuando um percurso pelas capitais da União Europeia (UE) que começou em Itália, com Giorgia Meloni. A Hungria é o país que acolhe de momento a presidência rotativa do Conselho da UE, durante a qual será realizada a primeira cimeira europeia presidida por António Costa, em meados de dezembro.
⇒ A Rússia está aberta a um compromisso que poderá levar as suas tropas a abandonar as regiões separatistas da Geórgia apoiadas por Moscovo, afirmou o principal diplomata russo. No domingo, durante uma conferência de imprensa na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, insistiu que era possível um acordo para resolver o impasse de décadas no país do Sul do Cáucaso. O Governo cada vez mais autoritário da Geórgia tem procurado firmar laços mais estreitos com Moscovo nos últimos anos, enquanto as relações com o Ocidente azedaram, devido à repressão da oposição democrática e da sociedade civil. “Eles disseram que querem a reconciliação histórica”, disse Lavrov, referindo-se ao partido no poder, o Georgian Dream. “A forma que esta reconciliação assumirá cabe aos estados da Abecásia e da Ossétia do Sul decidir… Se houver interesse de todas as partes em normalizar estas relações… estamos prontos para ajudar."