Begoña Gómez falou brevemente perante uma comissão do parlamento regional de Madrid, dirigida pela oposição de direita, que está a investigar um alegado "tratamento preferencial" de que terá beneficiado por parte da Universidade Complutense, onde foi codiretora de um mestrado.

"Tenho plena consciência de que tanto esta comissão como todas as acusações judiciais (...) têm um objetivo político evidente", afirmou a mulher do socialista Pedro Sánchez, que também sempre defendeu que não havia nada a censurar-lhe.

"Por esta razão, e seguindo o conselho do meu advogado, vou fazer uso do meu direito de não responder às vossas perguntas", prosseguiu Begoña Gómez perante os conselheiros regionais, asseverando-lhes: "Mais cedo ou mais tarde, a verdade vai corrigir as coisas".

"Nos últimos 25 anos, trabalhei como consultora e professora, coordenei equipas, geri projetos, aconselhei mais de 50 profissionais do setor privado e do terceiro setor [que em Espanha designa entidades sem fins lucrativos, como as organizações não-governamentais], e há 12 anos iniciei uma colaboração com a Universidade Complutense de Madrid", recordou.

Begoña Gómez, de 50 anos, está a ser investigada desde abril por corrupção e tráfico de influências, na sequência de queixas apresentadas por duas associações reputadas como próximas da extrema-direita: Manos limpias (Mãos limpas) e Hazte oír (Faz-te ouvir).

É suspeita de ter utilizado a posição do marido no âmbito das suas relações profissionais, nomeadamente com Juan Carlos Barrabés, um empresário espanhol.

O juiz Peinado decidiu prosseguir a sua instrução, que há meses embaraça o executivo, apesar de dois relatórios da Guardia Civil terem concluído a inexistência de infrações e apesar de um pedido do Ministério Público, em abril, para arquivar o caso.

Em outubro, o Ministério Público alargou mesmo as suas investigações a potenciais novos crimes, na sequência de uma queixa de "apropriação ilícita" de 'software' criado para a universidade onde trabalhava e de "exercício ilegal" de uma profissão.

Inicialmente agendada para 18 de novembro, a sua audição perante o juiz Peinado sobre esta nova questão judicial foi adiada para 18 de dezembro, uma vez que a mulher de Pedro Sánchez irá acompanhar o marido numa viagem oficial ao Brasil para a cimeira do G20, que decorre a 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro.

Quando a investigação foi aberta, em abril, Pedro Sánchez causou espanto ao suspender as suas atividades durante cinco dias e ao afirmar que estava a pensar demitir-se, argumentando que as acusações eram uma manobra política para o desestabilizar.

ANC // JH

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