"Num mundo que enfrenta múltiplas crises, que as comunidades são submetidas a uma imensa opressão, alcançar a igualdade de género é mais vital do que nunca e garantir os direitos das mulheres e das raparigas", disse, na sexta-feira, uma manifestante aos jornalistas.
Yadira González, bioanalista e sindicalista, disse que o objetivo da mobilização é chamar a atenção que "financiar os direitos das mulheres é acelerar a igualdade" e também a urgência em recuperar a qualidade de vida, o valor do trabalho e do salário mínimo na Venezuela, oficialmente de 3,6 dólares (3,29 euros) mensais.
González acrescentou que as mulheres estiveram em maioria nesta e em outras concentrações, mas também em assembleias de cidadãos e encontros sindicais.
"Nós, mulheres, sofremos quotidianamente o peso da longa crise que afeta o país. Sobre os nossos ombros recai combater a fome, a insegurança e a miséria. Mas, o nosso trabalho sustentado para enfrentar a crise não significou uma melhoria das nossas condições de vida", afirmou.
Para Yadira González, a emergência humanitária e a pandemia da covid-19 "acentuaram a desigualdade de género na Venezuela".
"A quarentena significou um aumento da violência familiar, particularmente da violência contra as mulheres, a intensificação do trabalho doméstico não remunerado e a saída do mercado de trabalho para acompanhar os filhos depois do encerramento das escolas", explicou.
Além de aumentos salariais, as mulheres reclamam ainda garantias ao direito à educação, a serviços públicos e de saúde, mas também "licenças de até três dias nos casos que sejam necessários, incorporando nos acordos coletivos de trabalho produtos para a higiene menstrual", declarou.
A organização não-governamental Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS) registou, no ano passado, 6.956 manifestações, a maioria delas para reivindicar melhores salários, com uma média de participação de 97% de mulheres por protesto.
No entanto, a imprensa local afirmou não existirem dados oficiais sobre as diferença salariais entre homens e mulheres, com as trabalhadoras do setor público a fazer até três trabalhos diferentes para conseguir fazer face às despesas domésticas.
Aos jornalistas, a presidente da Federação de Colégios de Bioanalistas, Judith León, considerou que a Venezuela, tem muitas leis que parecem mostrar progressos na defesa do direito à igualdade de género, mas as mulheres "continuam indefesas e nem lhes é reconhecido sequer um salário digno".
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