Luís Montenegro lançou suspeitas sobre alegados interesses associados aos incêndios mas as forças de segurança no terreno garantem que não há provas de que isso aconteça.
A assertividade das palavras do primeiro-ministro não veio acompanhada de explicações. Depois de levantar suspeitas, Luís Montenegro saiu de São Bento sem disponibilidade para responder às perguntas dos jornalistas e no Governo parece que ninguém sabe do que é que Montenegro está a falar.
Primeiro foi Paulo Rangel a dizer que não havia interesses identificados. Agora é o ministro da Coesão Territorial a dizer que as pessoas que Montenegro quer perseguir podem até nem existir.
A equipa especializada de que fala Manuel Castro Almeida inclui várias autoridades. Está lá a Polícia Judiciária e é precisamente uma fonte da PJ que diz à SIC que o primeiro-ministro foi mal aconselhado.
Atualmente há poucas razões para acreditar que os madeireiros têm interesse nos incêndios. A indústria do papel também não trabalha com madeira queimada e os contratos dos meios usados no combate também já são feitos de maneira a dependerem o menos possível da área ardida. O Expresso vai mais longe e cita quatro fontes da PJ e da GNR que são taxativas.
Tanto nos últimos anos como nas últimas semanas não há provas de que tenham sido provocados incêndios por interesses económicos escondidos. Ou seja, as declarações do primeiro-ministro não estão fundadas em factos diretos ou relatórios oficiais.
Mas se o que levanta suspeitas ao primeiro-ministro são as dezenas de incêndios que começam ao mesmo tempo. Também há uma justificação para isso.
São simplesmente projeções que têm origem noutro local afetado pelas chamas e que acabam por dar origem a um novo incêndio.. Ainda que a grande distância.
O Expresso revela também que os inquéritos abertos na última semana pela PJ e pela GNR mostram que uma grande parte dos incendiários são inimputáveis. No fundo, têm algum tipo de distúrbio mental e ateiam os fogos para verem junto das suas terras os operacionais a atuarem.
Se é a esta conclusão a que vai chegar o grupo de trabalho criado pelo Governo num Conselho de Ministros presidido pelo Presidente da República. Vai ser preciso esperar para ver.
A primeira reunião é na segunda feira e para além das ministras da Administração Interna e Justiça vai ter à mesma mesa o primeiro-ministro, a Procuradora-geral da República, o diretor da PJ, o comandante geral da GNR e o diretor nacional da PSP.
A agenda política não parou. Mas no Parlamento, os deputados votaram por unanimidade um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios.