O primeiro-ministro israelita defendeu perante o Congresso norte-americano, em Washington, que os Estados Unidos e Israel devem “manter-se unidos” para derrotar aqueles que querem “destruir a civilização”, referindo-se a um “eixo de terror” patrocinado pelo Irão.

“Os Estados Unidos e Israel devem estar juntos, porque quando estamos juntos o que acontece é que nós ganhamos e eles perdem”, declarou Benjamin Netanyahu. “O eixo de terror do Irão desafia os Estados Unidos, Israel e os nossos amigos árabes. Não é um choque de civilizações, mas um choque entre a barbárie e a civilização”, afirmou.

Netanyahu disse também estar “confiante” com o resultado das negociações para libertar os reféns detidos pelo Hamas, desde o ataque executado pelo grupo islamita palestiniano no sul de Israel a 7 de outubro do ano passado, que provocou quase 1200 mortos. “Estou convencido de que estes esforços podem ser coroados com sucesso”, observou, agradecendo ao Presidente norte-americano, Joe Biden, “pelos seus esforços incansáveis” em nome dos reféns.

Manifestantes junto ao Capitólio
Manifestantes junto ao Capitólio ANDREW THOMAS

Dezenas de congressistas e senadores norte-americanos estiveram ausentes durante o discurso, antes do qual Netanyahu foi calorosamente recebido pelo presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, e por outros legisladores republicanos, enquanto no exterior, junto ao Capitólio, milhares de pessoas protestavam contra a guerra na Faixa de Gaza, gritando frases como “vocês são uma vergonha”, “genocida” e “criminoso de guerra”.

No terreno, as forças israelitas continuam os ataques em Khan Yunis, no sul de Gaza, onde provocaram a morte de pelo menos 55 pessoas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades sanitárias locais. Cerca de 150 mil palestinianos foram forçados a deslocar-se em apenas dois dias, de acordo com o Conselho Norueguês para os Refugiados, após a ordem israelita de evacuação de bairros na zona oriental de Khan Yunis. A organização não-governamental indicou que algumas pessoas foram para Al-Mawasi, uma zona a oeste de Khan Yunis que, apesar de ter sido designada pelo exército israelita como “zona humanitária”, foi atacada em diversas ocasiões e onde as hostilidades “podem explodir” a qualquer momento.

Ataques em Khan Yunis
Ataques em Khan Yunis Anadolu

Outras notícias do dia:

⇒ A União Europeia realizou a primeira operação de evacuação médica da Faixa de Gaza por si coordenada, com a retirada de 16 crianças palestinianas e respetivos familiares do Egito para Espanha, anunciou a Comissão Europeia. A operação é apoiada financeira e operacionalmente pelo Mecanismo Europeu de Proteção Civil da União, em coordenação com a Organização Mundial de Saúde, o Fundo de Assistência às Crianças Palestinianas e as autoridades de todos os países envolvidos.

⇒ O ministro da Segurança Nacional israelita voltou a defender a oração judaica na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado para o Islão, levando a fortes críticas dos parceiros de coligação. Itamar Ben Gvir, que tem um longo passado antiárabe e é líder do partido de extrema-direita Poder Judeu, afirmou que, na semana passada, rezou na Esplanada das Mesquitas, também chamada Monte do Templo e igualmente sagrado para a fé judaica e cristã, contrariando o estatuto que rege o local desde que Israel ocupou Jerusalém Oriental, em 1967.

⇒ Pelo menos um cidadão palestiniano morreu após ter sido atingido a tiro pelas forças de Israel na localidade de Tubas, a norte de Nablus, na Cisjordânia, disseram as autoridades de Ramallah. O Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana indicou que a vítima mortal tinha 23 anos de idade e que foi atingido a tiro “pelas forças de ocupação”. Na mesma ocasião, duas outras pessoas ficaram feridas.

Protesto em Londres
Protesto em Londres SOPA Images

⇒ A polícia britânica deteve nove pessoas durante um protesto em Londres contra a exportação de armas para Israel, que bloqueou brevemente a rua onde se localiza o Ministério dos Negócios Estrangeiros, aumentando a pressão sobre o novo Governo trabalhista relativamente à sua posição sobre o conflito. Os manifestantes pró-palestinianos no Reino Unido têm defendido que o Governo proíba a venda de armas a Israel, na sequência da ofensiva em Gaza em resposta ao ataque de 7 de outubro.

⇒ O Governo alemão proibiu o Centro Islâmico de Hamburgo, associação religiosa muçulmana, proprietária de uma mesquita, que está a ser investigada há vários meses pelo alegado apoio ao movimento xiita libanês pró-iraniano Hezbollah. O Ministério do Interior “proibiu o Centro Islâmico de Hamburgo [IZH, na sigla alemã] e organizações afiliadas em toda a Alemanha, porque se trata de uma organização extremista islâmica que persegue objetivos anticonstitucionais”, disse em comunicado.

⇒ O mais recente balanço do Ministério da Saúde palestiniano contabiliza pelo menos 39.145 palestinianos mortos na ofensiva militar israelita em Gaza, além de 90.257 feridos. Um total de 55 palestinianos foram mortos e 110 feridos nas últimas 24 horas.

Pode recordar os principais acontecimentos do dia anterior aqui.