O primeiro-ministro israelita defendeu que deve ser exercida mais pressão sobre o Hamas para que aceite uma nova proposta de acordo em Gaza, depois de o grupo militante palestiniano ter afirmado que só está disposto a aplicar um cessar-fogo sem novas condições. “O Hamas está a tentar esconder o facto de que continua a opor-se a um acordo de libertação de reféns e está a impedir a sua concretização”, considerou Benjamin Netanyahu em comunicado. “O mundo deve exigir que o Hamas liberte os reféns imediatamente”, acrescentou.

O chefe da diplomacia norte-americana apelou a Israel para que garanta a proteção dos trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza, após a morte de 18 pessoas, incluindo seis funcionários das Nações Unidas, num bombardeamento de uma escola. “A primeira coisa que é importante sublinhar é o trabalho essencial e vital dos trabalhadores humanitários em Gaza e em todo o mundo”, disse Antony Blinken durante uma conferência de imprensa na Polónia, onde se encontra em visita oficial. Para o responsável norte-americano, “é essencial” que as atividades humanitárias “sejam protegidas e facilitadas”.

O líder da diplomacia europeia, Josep Borrell, mostrou-se “indignado” com a morte de funcionários das Nações Unidas no ataque israelita ao edifício de uma escola que estava a ser utilizado como campo de deslocados em Gaza. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também classificou o sucedido como “totalmente inaceitável” e apelou ao “fim das violações dramáticas do direito humanitário internacional”.

Outras notícias do dia:

⇒ O comandante Yossi Sariel, chefe da Unidade 8200 de informações secretas do exército israelita, a maior das Forças Armadas, demitiu-se devido ao ataque de 7 de outubro do ano passado, quando combatentes do Hamas entraram em Israel a partir da Faixa de Gaza e mataram mais de 1100 pessoas. “No dia 7 de outubro, não desempenhei a tarefa que era esperada de mim, como esperavam os meus subordinados e comandantes e como esperavam de mim os cidadãos do país que tanto amo”, justifica Sariel numa carta enviada aos membros da unidade.

⇒ As operações militares israelitas nos territórios palestinianos provocaram “devastação económica” na Faixa de Gaza e um “declínio sem precedentes da atividade económica” também na Cisjordânia, segundo um relatório divulgado pelas Nações Unidas. O documento sobre a “evolução da economia dos territórios palestinianos ocupados” revela que, na sequência da operação israelita em Gaza, “o Produto Interno Bruto de Gaza caiu 81%, deixando a sua economia em ruínas”.

⇒ A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos um quarto dos feridos do conflito em Gaza, cerca de 22.500 palestinianos, tenham ferimentos que “mudaram a sua vida e exigem serviços de reabilitação” cada vez menos disponíveis. “O enorme aumento das necessidades de reabilitação ocorre em paralelo com a contínua dizimação do sistema de saúde”, sublinhou em conferência de imprensa o representante da OMS para os territórios palestinianos ocupados, Richard Peeperkorn, segundo o qual “é urgentemente necessário apoio imediato e a longo prazo para dar resposta às enormes necessidades de reabilitação”.

⇒ As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, estimaram em mais de 105 mil o número de crianças vacinadas contra a poliomielite no norte do enclave. “As equipas [associadas à OMS] conseguiram vacinar 105.909 crianças em dois dias desde o início da campanha de vacinação contra a poliomielite na cidade de Gaza e na província do norte”, anunciou o Ministério da Saúde de Gaza.

⇒ O Governo turco vai pedir ordem de prisão internacional para os responsáveis pela morte de uma ativista norte-americana nascida na Turquia, assassinada pelo exército israelita durante um protesto na Cisjordânia na sexta-feira. O ministro da Justiça turco, Yilmaz Tunç, diz em comunicado que a procuradoria-geral de Ancara abriu um inquérito sobre a morte da ativista Aysenur Ezgi Eygi, ao abrigo da legislação nacional turca, e garantiu que serão tomadas “todas as medidas legais” para que seja feita justiça.

⇒ Pelo menos duas pessoas morreram num bombardeamento israelita contra um veículo na província de Quneitra, no sul da Síria, incluindo um homem que alegadamente trabalhava para o grupo xiita libanês Hezbollah. O ataque, na estrada que liga Quneitra a Damasco, provocou a morte de um alegado colaborador do Hezbollah no recrutamento de militantes na população e transporte de armas, enquanto a segunda vítima é um indivíduo que o acompanhava, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

⇒ Os soldados israelitas abandonaram a cidade de Tulkarem, no norte da Cisjordânia, pondo fim a uma incursão que começou na terça-feira e fez cinco mortos, indicou uma porta-voz do exército. Três combatentes da brigada de Tulkarem da Jihad Islâmica Palestiniana foram mortos na quarta-feira num bombardeamento com um drone, ao passo que na terça-feira os soldados dispararam sobre dois jovens, uma rapariga e um rapaz, que sucumbiram aos ferimentos das balas e não tinham aparentemente qualquer ligação a grupos armados palestinianos.

⇒ O Governo israelita anunciou a retirada de acreditações aos jornalistas da estação televisiva do Catar Al-Jazeera, cujas emissões já foram proibidas pelo executivo em inícios de maio por, alegadamente, violarem a segurança do Estado. A decisão foi tomada tendo em consideração “todos os aspetos relevantes” e em conformidade com a legislação sobre a segurança nacional, que autoriza a retirada de acreditações à comunicação social nos casos em que se considere que os seus titulares podem “pôr em perigo a segurança do Estado”, indica num comunicado.

⇒ A comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros aprovou por unanimidade a audição do chefe da diplomacia, Paulo Rangel, a pedido do Bloco de Esquerda, sobre um navio com bandeira portuguesa que transporta explosivos alegadamente destinados a Israel. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros deverá prestar esclarecimentos à Assembleia da República a 15 de outubro.

Pode relembrar aqui os principais acontecimentos do dia anterior.