O primeiro-ministro de Israel partiu nesta segunda-feira para os Estados Unidos, onde deve discursar perante o Congresso norte-americano na quarta-feira, numa altura marcada por tensões entre os dois países devido à guerra em Gaza.

Antes de embarcar, Benjamin Netanyahu considerou que a visita é “muito importante” num momento de “grande incerteza política”, referindo-se à decisão do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de não se recandidatar às eleições que decorrem em novembro. “Tentarei consolidar o apoio bipartidário que é tão importante para Israel”, afirmou.

A viagem de Netanyahu a Washington tem também como pano de fundo a pressão exercida pelo aliado norte-americano para que seja concluído um acordo de cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza, mais de nove meses após o início da guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano a Israel.

No terreno, o exército israelita pediu a evacuação de parte da zona humanitária de Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, numa altura em que planeia um ataque contra “organizações terroristas” naquela área. “[As forças israelitas] estão prestes a atuar em força contra organizações terroristas e, por isso, apelam à população que permanece nos bairros orientais de Khan Yunis para que saiam temporariamente da zona humanitária adaptada em Al Mawasi”, informou em comunicado. Pelo menos 70 palestinianos foram mortos por fogo de tanques israelitas, informaram os médicos no local.

Destruição causada pelos ataques israelitas em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza
Destruição causada pelos ataques israelitas em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza Anadolu

Outras notícias do dia:

⇒ O Parlamento israelita aprovou, em primeira leitura, três projetos de lei que visam proibir as atividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), acusada de ter ligações com o Hamas. O primeiro projeto de lei pretende proibir a organização de atuar em território israelita, o segundo visa retirar ao efetivo da agência imunidades e benefícios legais concedidos ao pessoal das Nações Unidas em Israel e o terceiro procura classificá-la como uma organização terrorista.

⇒ O exército israelita atacou nas últimas horas 35 objetivos na Faixa de Gaza, com os militares a anunciarem a morte de Muhamad Abu Seidu, alegado membro da Nukhba, célula do Hamas, envolvida na operação de 7 de outubro de 2023. Um comunicado oficial israelita indica que a Força Aérea “atacou aproximadamente 35 objetivos em toda a Faixa de Gaza”, incluindo estruturas militares e instalações utilizadas “por terroristas”.

⇒ A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que uma criança palestiniana é morta em média a cada dois dias na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental desde o início da guerra. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) declarou que 143 crianças palestinianas morreram na zona desde 7 de outubro, um número que representa um aumento de quase 250% em relação aos nove meses anteriores, nos quais 41 menores palestinianos foram assassinados. Duas crianças israelitas também morreram desde outubro.

⇒ O Fórum Reféns, um grupo israelita que luta pela libertação dos cidadãos detidos na Faixa de Gaza, anunciou que dois prisioneiros do Hamas foram mortos no enclave palestiniano. Yagev Buchshtab, de 35 anos, e Alex Dancyg, de 76 anos, foram raptados durante o ataque do grupo contra Israel, a 7 de outubro. Estas duas mortes são uma “recordação da urgência” da libertação dos reféns para que possam regressar a casa, declarou o fórum em comunicado. O exército israelita confirmou a morte dos dois cidadãos e informou estar a “investigar todas as possibilidades” sobre o sucedido.

⇒ A Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20 arrancou nesta segunda-feira com os membros das maiores economias mundiais em desacordo sobre a discussão dos conflitos em Gaza e na Ucrânia durante as reuniões que decorrem durante a semana no Rio de Janeiro. De acordo com as autoridades brasileiras, “alguns membros e outros participantes consideraram que essas questões têm impacto na economia global e devem ser tratadas no G20”. Por outro lado, “outros não acreditam que o G20 seja fórum para discuti-las”.

⇒ O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 39.006 pessoas morreram no conflito que dura há quase dez meses, enquanto o número de feridos se situa nas 89.818 pessoas, segundo o mais recente balanço.