A capital da Índia voltou esta segunda-feira a encerrar escolas e estaleiros de construção e proibir a entrada de camiões não essenciais, depois da poluição atmosférica em Nova Deli ter atingido o pior nível deste Inverno.

As aulas para todos os anos, exceto o 10.º e o 12.º, serão dadas online, e nenhum camião poderá entrar na cidade, exceto aqueles que transportam artigos essenciais. Alguns veículos mais antigos a gasóleo foram proibidos na capital.

As autoridades de Nova Deli instaram ainda as crianças, os idosos e outras pessoas com doenças crónicas ou problemas respiratórios a evitarem sair de casa tanto quanto possível.

Poluição atmosférica atinge categoria grave

Os residentes da capital acordaram com um fumo espesso e tóxico a envolver a cidade de cerca de 33 milhões de habitantes, à medida que a qualidade do ar se tornava cada vez mais perigosa.

RAJAT GUPTA

A poluição atmosférica atingiu a categoria grave, de acordo com a principal agência ambiental da Índia, que mede pequenas partículas no ar que podem penetrar profundamente nos pulmões.

O fumo reduziu a visibilidade a apenas 150 metros junto ao Aeroporto Internacional Indira Gandhi, que serve a capital, provocando o cancelamento de voos e atrasos nas estações ferroviárias.

Em várias zonas de Nova Deli, os níveis de poluição foram mais de 50 vezes superiores ao limite de segurança recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com as previsões, a má qualidade do ar deverá continuar durante a semana.

Todos os anos, no início do inverno, a capital indiana fica envolta num espesso nevoeiro constituído pelas emissões industriais e do tráfego rodoviário, bem como pelo fumo das queimadas agrícolas sazonais.

As autoridades estimam que quase 38% da poluição registada em Nova Deli este ano provém da queima de restolhos ou de incêndios agrícolas em estados vizinhos como Punjab e Haryana.

Anushree Fadnavis

As iniciativas das autoridades indianas para reduzir a poluição têm sido em vão.

"Ainda não conseguimos dar resposta à emergência", declarou na semana passada à agência de notícias France-Presse Sunil Dahiya, da organização não-governamental Envirocatalysts.

"Uma vez que ainda não conseguimos alterar as nossas práticas em termos de transportes, produção de eletricidade ou gestão de resíduos, mesmo as emissões limitadas continuam a ser demasiado elevadas", acrescentou.

De acordo com a OMS, a poluição atmosférica pode provocar doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como cancro do pulmão.

Este nevoeiro de poluição, conhecido por 'smog', é responsável por milhares de mortes prematuras todos os anos, documentadas em numerosos estudos científicos.

Um estudo publicado em junho concluiu que a poluição atmosférica era responsável por 11,5% das mortes em Nova Deli, ou seja, 12 mil mortes por ano.

Com Lusa