A atividade sísmica acelerou fortemente durante a noite e as poucas dezenas de habitantes que se tinham instalado em Grindavik foram retirados por volta das 03:00 locais (mesma hora em Lisboa), segundo a rádio e a televisão públicas islandesas.
A erupção começou por volta das 08:00 locais a norte de Grindavik, de acordo com o Gabinete Meteorológico Islandês (IMO), e as imagens de vigilância mostram grandes fluxos de lava cor de laranja brilhante ao longo de duas fissuras.
"Uma nova fissura abriu-se fora dos limites da cidade de Grindavik", declarou o OMI num novo boletim às 12:00 de hoje.
O Instituto tinha anunciado de manhã que uma primeira fissura se tinha aberto "em ambos os lados das defesas que começaram a ser construídas a norte de Grindavík", a cerca de 450 metros da cidade.
"Os habitantes da cidade foram já todos retirados durante a noite e não há vidas em perigo, mas as infraestruturas podem estar em risco. Os voos não foram interrompidos", declarou o presidente islandês, Guðni Jóhannesson, numa mensagem na rede social X (ex-Twitter).
Para o presidente da Câmara de Grindavik, Fannar Jónasson, a nova fissura "cria uma nova situação" mas "nada pode ser feito", pelo que a situação é "preocupante".
Esta é a quinta erupção vulcânica na Islândia em quase três anos, tendo a anterior ocorrido na noite de 18 de dezembro nesta mesma zona, cerca de 40 quilómetros a sudoeste da capital, Reiquiavique.
Grindavik, uma pequena cidade com 4.000 habitantes, já tinha visto retirar todos os respetivos habitantes a 11 de novembro de 2023 como medida de precaução após centenas de sismos provocados pela deslocação do magma sob a crosta terrestre - um precursor de uma erupção vulcânica.
Estes terramotos danificaram a cidade, criando grandes fissuras nas estradas, casas e edifícios públicos.
Pouco depois da erupção de 18 de dezembro, os habitantes foram autorizados a regressar brevemente e, cinco dias depois, a 23, de forma permanente, antes de serem novamente retirados na madrugada de hoje. Apenas algumas dezenas de habitantes regressaram hoje de manhã às suas casas, mas de forma muito breve.
As autoridades locais tinham dado uma ordem no sábado à noite para que os habitantes abandonassem a localidade até segunda-feira, devido à atividade sísmica e ao impacto nas fendas existentes na cidade. Por conseguinte, tiveram de acelerar o ritmo durante a noite.
A decisão surge também na sequência do desaparecimento, na quarta-feira, de um islandês de 51 anos que trabalhava no preenchimento de uma fenda num jardim privado quando o solo cedeu subitamente sob os seus pés.
Após 48 horas de buscas intensas, as autoridades decidiram suspendê-las na sexta-feira à noite, devido ao facto de a zona ser muito perigosa. O homem, que ainda não foi encontrado, tinha caído mais de trinta metros numa fenda.
Na mesma zona, as autoridades estão atentas à central geotérmica de Svartsengi, que fornece eletricidade e água a cerca de 30.000 pessoas da região e cujas instalações estão protegidas por um muro.
"O que conta é onde a lava flui. Agora é muito importante monitorizá-la", explicou Kristín Jónsdóttir, vulcanóloga da IMO.
Até à erupção de março de 2021, a península de Reykjanes, a sul da capital, foi poupada a erupções durante oito séculos.
Desde então registaram-se mais quatro erupções -- em agosto de 2022, julho e a em 18 de dezembro de 2023 e na manhã de hoje -- o que os vulcanólogos acreditam ser um sinal de uma nova atividade vulcânica na região.
Quatro dias após a erupção de 18 de dezembro, as autoridades declararam que a atividade vulcânica tinha cessado, mas não puderam dizer se tinha terminado, devido a possíveis fluxos de lava subterrâneos.
A Islândia, terra de fogo e gelo e a região mais vulcânica da Europa, conta com 33 sistemas vulcânicos considerados ativos.
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