Ao final desta segunda-feira, eram mais de 130 os incêndios ativos, de acordo com a Autoridade Nacional da Proteção Civil. Havia mais de 5.400 operacionais no terreno, apoiados por mais de 1.700 viaturas.

No ponto de situação feito, ao início da noite de segunda-feira, pelo comandante nacional da Proteção Civil, foi dada a confirmação da existência de três vítimas mortais (um bombeiro que morreu de doença súbita, um cidadão que também morreu de doença súbita, e um cidadão que morreu carbonizado) e de dois feridos em estado grave (bombeiros que sofreram queimaduras). No total, eram, na altura, contabilizadas 21 vítimas dos incêndios. O Hospital de Aveiro, que recebeu várias das vítimas, ativou o plano de contingência.

Havia também registo de mais de 20 habitações destruídas pelo fogo, além de anexos e armazéns.

As situações mais preocupantes

Os incêndios que mobilizavam mais meios, ao final da noite de segunda-feira, eram os de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga e Torres do Mondego, mas também os fogos em Nelas, Gondomar, Fundão, Baião, Vila Nova de Paiva, Vila Pouca de Aguiar, e Penalva do Casteloexigiam bastante atenção.

Foram acionados planos de emergência em Aveiro, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Águeda, Oliveira de Azeméis, Vila Pouca de Aguiar e Baião.

Havia ainda, ao final da noite. várias estradas e autoestradas com trechos encerrados à circulação, incluindo a A1, a A13, a A24, a A25 e a A43, assim como as nacionais 16, 17, 207, 230, 234, 321 e 328. A Proteção Civil tinha desaconselhado as deslocações nas regiões atingidas pelos fogos. A circulação ferroviária e dos autocarros da rede Expressos, que tinha sido interrompida, foi, contudo, sendo retomada.

Portugal em estado de alerta até 5.ª feira

Os avisos deixados são de que as temperaturas altas são para continuar. Esta terça-feira, mais de 100 concelhos estão em perigo máximo de incêndio, por causa do tempo quente. Os termómetros podem ultrapassar os 35 graus. Por isso mesmo, o Governo prolongou o estado de alerta até ao final do dia de quinta-feira.

PR e PM cancelam agenda e é criada 'task force'

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou também, na noite desta segunda-feira, uma 'task force' para ajudar no combate aos fogos. É uma equipa multidisciplinar, sob a tutela do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, para apoiar as populações afetadas.

O chefe do Governo tinha já anunciado que iria cancelar a agenda para esta segunda e terça-feira. O Presidente da República decidiu seguir o exemplo e cancelou a visita que iria fazer a Espanha, esta quarta-feira. Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa garante que vai manter-se afastado dos incêndios, como definido pelas autoridades, por mais que sinta uma “obrigação moral” de estar presente.

Já durante a tarde, também olíder da oposição, Pedro Nuno Santos, tinha apelado a que se evitassem comportamentos de risco.

Ajuda europeia

Foi também confirmado o envio de oito aviões Canadair – vindos de Espanha, França, Itália e Grécia -, para o combate aos fogos, ao abrigo do mecanismo europeu. As duas aeronaves espanholas foram as primeiras a chegar, tendo logo esta segunda-feira ajudado no combate às chamas em Sever do Vouga.

Esta terça-feira, é esperado que os aviões franceses e italianos também já participem nas operações, durante a tarde. Quanto à ajuda grega, só deverá chegar ao final do dia, pelo que as aeronaves só deverão estar no terreno na quarta-feira.

Evacuações e o "inferno" na estrada

Em várias localidades, as evacuações foram inevitáveis. Foi o caso de Gondomar, onde, além de habitações, tiveram de ser evacuados um lar, duas escolas e um jardim de infância.

De vários pontos do país, foram sendo partilhadas imagens impressionantes dos incêndios. À SIC, chegaram vários vídeos de condutores que se depararam com as chamas na estrada e que relatavam um cenário de “inferno”.

"Uma tempestade perfeita" que faz lembrar 2017

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses considerou que, “do ponto de vista emocional”,Portugal pode estar a viver uma situação idêntica à de 2017, quando se deram trágicos incêndios no Centro do país.

Joaquim Sande Silva, especialista em ecologia do fogo, explicava como um processo de secura acumulado muito grande permitiu que se chegasse à situação dramática que está a ser vivida.

João Joanaz de Melo, professor da Universidade Nova de Lisboa e especialista em ordenamento do território, falava numa “tempestade perfeita" para os incêndios, impulsionada por "políticas erradas" e "falta de gestão".

Vale sempre a pena consultar também as indicações da Proteção Civil sobre o que fazer em caso de incêndio, começando, desde logo, por manter a calma e cumprir as indicações das autoridades.