Numa entrevista à RTP, o antigo primeiro-ministro português lembrou a falta de solidariedade e de unidade entre Estados que são importantes para garantir a segurança sanitária, salientando que essa é, infelizmente, a "grande conclusão" a retirar da pandemia de covid-19.

"A grande conclusão é a de enorme fragilidade do nosso mundo, das nossas sociedades, do planeta. Trata-se de um vírus microscópico e esse vírus pôs-nos de joelhos. Ao mesmo tempo sabemos que somos extremamente frágeis às alterações climáticas, à não proliferação nuclear -- vemo-la ameaçada todos os dias -- e que no ciberespaço se passam muitas coisas que não controlamos e que põem também em risco a nossa vida quotidiana", frisou.

Para Guterres, a fragilidade em que o mundo caiu deveria levar a uma "grande humildade" que, por sua vez, se poderia transformar numa "grande unidade e grande solidariedade".

"O que é dramático é que, quando olhamos para a covid-19, essa unidade falhou. Cada Estado desenvolveu a sua estratégia própria, as orientações da OMS [Organização Mundial de Saúde] não foram seguidas na maior parte dos casos e o resultado está à vista: uma pandemia que se move de país para país, que pode ter segundas vagas, numa forma completamente descoordenada a nível global, e a solidariedade não tem sido muita", advertiu.

Salientando que os países mais ricos têm posto um "volume grande de recursos" para limitar o impacto económico e social da pandemia nos mais vulneráveis, sublinhou que tal não é suficiente, uma vez que os segundos têm tido "enormes dificuldades" para combater a doença e minorar os "terríveis problemas" das suas populações.

"Isto é uma grande lição. É de facto a maior crise que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial e que demonstra que o mundo não está preparado para ela, que o mundo é demasiado frágil em relação às ameaças que se apresentam hoje para a humanidade", frisou o secretário-geral da ONU.

 

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