A retórica conservadora e anti-imigração garantiu, novamente, a Donald Trump a vitória nas eleições presidenciais norte-americanas. Ao longo da campanha, o republicano fez váris promessas, entre elas, acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas com alguns telefonemas. Também prometeu a maior deportação da história de imigrantes ilegais. Em dez pontos, do aborto à NATO, o que se pode esperar da presidência de Donald Trump?

Acesso ao aborto

O republicano gabou-se de ter sido responsável pela escolha dos três juízes conservadores com posições conhecidas contra o aborto. Trump quer que os estados tenham liberdade para escolher as próprias leis sobre o acesso ao aborto. O seu vice-presidente, JD Vance é mais radical nesta matéria, defendendo que o aborto deve ser fortemente limitado em todo o país.

Imigração

O controlo da imigração ilegal foi uma das maiores bandeiras da campanha de Trump. Prometeu continuar a construção do muro na fronteira com o México e travar a entrada de pessoas não autorizadas, depois de o número de passagens fronteiriças ter atingido números recorde em 2023. Trump prometeu também as maiores deportações em massa de imigrantes ilegais de sempre. JD Vance assumiu que as primeiras semanas de mandato iriam servir para deportar mais de um milhão de pessoas.

Crime

O combate à criminalidade também foi uma principais bandeiras de Trump. Prometeu eliminar um elevado número de cartéis de droga e de grupos violentos organizados, dando mais meios à polícia.

Economia

O republicano prometeu "travar a fundo" a subida da inflação, que considera ser um dos principais "pesadelos das famílias trabalhadoras". "Vou tornar a América acessível de novo", chegou a dizer nos comícios. Trump quer expandir a produção de energia, em particular de energia fóssil, com a aposta na perfuração de petróleo. Assegurou ainda que vai diminuir o preço da habitação e impedir os imigrantes ilegais de ter acesso a hipotecas.

Impostos

Trump pretende continuar a política de cortes nos impostos que introduziu durante a sua passagem pela Casa Branca (2017-2021) e introduzir novos pacotes de revisão fiscal. Nas primeiras semanas do mandato, prometeu que fará "a maior revisão fiscal das últimas décadas", simplificando o código fiscal e apostando em ajudar as pequenas e médias empresas, bem como as grandes empresas que deslocalizem operações para território norte-americano. Os cortes de impostos mais radicais ficam reservados para essas grandes empresas e para os mais ricos.
Para a classe média, o republicano prometeu também reduzir o imposto sobre rendimento. Trump quer ainda eliminar os impostos sobre pagamentos para a Segurança Social, no âmbito da sua reforma de pensões.

Comércio

Trump prometeu a trajetória de endurecimento da política de tarifas sobre bens importados da Europa e, em particular, da China. Estas medidas, em parte, foram mantidas (e em alguns casos ampliadas) pelo atual Presidente, Joe Biden, mas Trump quer agora um reforço de taxas em diversos setores, alegando a necessidade de fortalecer a competitividade da economia norte-americana. Trump propõe novas tarifas, de 10% a 20%, sobre muitos produtos estrangeiros, com os oriundos da China a poderem chegar a taxas de 60%, procurando acabar com externalização de vários setores económicos.

Clima

Trump quer reverter proteções ambientais, incluindo limites às emissões de dióxido de carbono, tal como fez no primeiro mandato. Trump quer novos cortes de regulamentação no setor ambiental para ajudar a indústria automóvel nacional.
Trump prometeu que os Estados Unidos vão abandonar alguns dos tratados internacionais para o combate às alterações climáticas.

Gaza e Israel

O candidato republicano tem mostrado ser um apoiante incondicional de Israel, condenando veementemente os apoiantes da causa palestiniana.Contudo, Trump tem mostrado sérias reservas sobre a forma como o Governo israelita tem conduzido a guerra na Faixa de Gaza, garantindo que os problemas no enclave palestiniano nunca teriam acontecido se ele tivesse permanecido na Casa Branca.Trump continua a dizer que uma das suas melhores decisões foi ter deslocado a embaixada dos EUA para Jerusalém, apesar da ira palestiniana com essa decisão.

NATO

Trump assume uma postura mais isolacionista para os Estados Unidos. Quer o país longe de um envolvimento direto nos principais conflitos mundiais, através de um progressivo afastamento relativamente à NATO e aos aliados europeus, mas também no Indo-Pacífico, com os seus aliados regionais, Austrália e Japão. Trump prometeu continuar a pressionar os parceiros da Aliança Atlântica a cumprir o financiamento estipulado pelo tratado da organização.

Ucrânia

Donald Trump assegurou que colocaria um fim à guerra na Ucrânia em 24 horas, com um par de telefonemas. Trump prometeu ainda acabar com os pacotes de ajuda militar e financeira a Kiev, dizendo que vai usar esse dinheiro para financiar projetos de defesa e financiar setores de economia que se confrontam com os adversários económicos, China e União Europeia.

Com Lusa